Biomas brasileiros: Parte 1 - mapeamento
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Identificar as características dos biomas brasileiros e avaliar a importância
da preservação de sua biodiversidade. Estabelecer relações entre as coberturas
vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos em biomas e
ecossistemas situados no território brasileiro.
Ler e interpretar informações em diferentes representações cartográficas.
Conteúdos
Biomas brasileiros: caracterização, distribuição, usos, riscos e ameaças
Domínios morfoclimáticos brasileiros
Seres vivos e meio físico: interações ecológicas
Biodiversidade: níveis e escalas
Anos
6º ao 9º ano
Tempo estimado
6 aulas
Introdução
Esta sequência didática é a primeira de uma série de oito propostas sobre os
biomas brasileiros para Ensino Fundamental II. A partir de pesquisas, produção
de textos e mapas, painéis e debates, os alunos vão entender a complexidade dos
biomas do país e avaliar sua diversidade natural, hoje ameaçada pela expansão
econômica e por algumas formas de uso e ocupação do território.
Nesta primeira sequência, a turma vai compreender os conceitos de biomas e
domínios morfoclimáticos e aprender as principais características naturais do
Brasil. Os estudantes vão entender, também, quais os efeitos do uso e da
ocupação da terra para a preservação da diversidade natural brasileira. Confira
as demais sequências da série ao lado.
Desenvolvimento
1ª aula
Faça uma roda de conversa com a turma sobre o que eles já sabem a respeito dos
biomas brasileiros. Peça que descrevam os aspectos naturais do local em que
vivem e digam como se inserem no quadro nacional.
Anote os resultados no quadro e proponha que a turma realize uma atividade de
campo, em que observem o bairro ou município em que vivem. Para isso, divida os
alunos em grupos e peça que elaborem um pequeno roteiro de observação.
Oriente-os a incluir os seguintes pontos: espécies de plantas encontradas;
porte da vegetação; características dos solos: fauna associada: aspectos
climáticos, relevo e hidrografia.
2ª aula
Organize a visita e escolha um local adequado para a atividade – pode ser uma
unidade de conservação no município, uma visita à área rural, ou mesmo uma
volta no bairro. Acompanhe os alunos durante a atividade e aproveite para
destacar as interações ecológicas do meio: presença de umidade, porte da
vegetação, luminosidade, relevo e distribuição das plantas. Os registros podem
ser feitos por escrito e por meio de desenhos e fotografias.
3ª aula
Já na sala de aula, peça que a turma finalize os relatórios de observação. Se
os alunos não conseguirem responder a todas as questões do roteiro durante a atividade
de campo, eles podem realizar pesquisas na sala de aula ou na internet.
4ª aula
O passo seguinte é entender os conceitos de bioma e domínio morfoclimático, e
aprender quais os ecossistemas presentes no território brasileiro. A partir
daí, a turma poderá relacionar as informações de sala de aula com os resultados
do trabalho de campo e entender como o local em que vivem se insere na
Geografia nacional.
(Para saber mais, assista aos Vídeos
Planetinha. Informações sobre os biomas brasileiros, disponíveis no
site do Planeta Sustentável)
Comece a aula pedindo que os alunos se reúnam nos grupos e observem o mapa e o
quadro abaixo:
Brasil - Biomas
Mapa de Biomas do Brasil. Fonte:
IBGE - Ministério do Meio Ambiente, 2004
Biomas
continentais brasileiros
|
Área aproximada
(km2)
|
Área /total
Brasil
|
Bioma Amazônia
|
4.196.943
|
49,29%
|
Bioma Cerrado
|
2.036.448
|
23,92%
|
Bioma Mata Atlântica
|
1.110.182
|
13,04%
|
Bioma Caatinga
|
844.453
|
9,92%
|
Bioma Pampa
|
176.496
|
2,07%
|
Bioma Pantanal
|
150.355
|
1,76%
|
Área total do Brasil
|
8.514.877
|
|
Com base neles, peça que os alunos levantem as principais características dos
biomas brasileiros. Solicite que anotem as observações feitas e comente com
eles os resultados encontrados.
A turma deve perceber que o Brasil é dividido em seis grandes unidades
continentais, sendo a Amazônia a mais extensa, recobrindo quase 50% do
território nacional e parte de países vizinhos como Peru, Bolívia, Colômbia e
Venezuela. Do ponto de vista da cobertura vegetal, explique que são florestas
amazônicas, assim no plural, pois temos as matas de terra firme, várzea e
igapó.
Comente com a turma que outro bioma florestal, a mata Atlântica, está associada
à umidade e aos ventos alíseos vindos do oceano. Sua distribuição azonal e suas
altitudes variadas lhe conferem elevada diversidade de plantas e animais. O bioma
apresenta florestas costeiras e interiores – ou de altitude – associadas a
outros ecossistemas, como matas de restinga, estuários, campos de atitude,
manguezais, mata dos pinhais e ilhas de cerrado. (Para saber mais, leia a reportagem Era
uma vez a Mata Atlântica, disponível no site do Planeta Sustentável).
Somam-se a essas duas grandes áreas florestais, as coberturas vegetais abertas
– como os cerrados,
segundo maior bioma do país, a caatinga e os pampas – e o conjunto complexo do
Pantanal, uma grande planície de inundação recoberta em sua maior parte por
vegetação aberta.
Entendidos os biomas, explique à classe que essa é a classificação do território
mais usada atualmente, mas existe também outra bastante importante, que eles já
devem ter ouvido falar: os domínios morfoclimáticos. Apresente aos estudantes o
mapa abaixo e peça que observem diferenças em relação ao primeiro:
Domínios morfoclimáticos. Fonte:
Aziz N. Ab’Saber, 1975.
Ouça as sugestões da turma e
explique a eles como surgiram os dois conceitos e suas características
principais (sabia mais no texto abaixo).
Texto de apoio ao professor
- Biomas e domínios morfoclimáticos
As diversas paisagens que se estendem pelo globo terrestre podem ser agrupadas
segundo alguns critérios, capazes de agregar regiões com características
semelhantes e facilitar o entendimento dos fenômenos naturais e sociais. Quando
falamos em paisagens naturais, há dois conceitos importantes: bioma e domínio
morfoclimático.
De origem grega, a palavra bioma (bio = vida + oma = grupo) foi utilizada pela
primeira vez nos anos 1940 por Frederic Clements para designar grandes unidades
caracterizadas pela uniformidade na distribuição e predomínio de espécies de
flora e fauna, associadas a relevo, solos e macroclimas. Mais tarde, a
classificação foi aprimorada, passando a designar grandes unidades com
características semelhantes no que se refere à sua fisionomia, formas de vida,
estruturas e fatores ambientais associados - clima, relevo, solos e
hidrografia.
O conceito de domínios morfoclimáticos (morpho = formas + clima) foi proposto
nos anos 1970 por Aziz Ab´Saber, sendo utilizado para classificar as interações
entre os elementos naturais construídas ao longo do tempo. Os domínios se
referem a unidades paisagísticas a partir, em especial, das relações entre
clima e relevo, pontuadas por paisagens distintas geradas pela variação de
fatores naturais. Dentro do conceito de domínios, são valorizadas as faixas de
transição entre uma paisagem e outra, deixando claro que essa passagem se dá de
forma gradual e não abrupta.
Atualmente, predomina o conceito de biomas, mas é importante que a turma
entenda também a ideia de domínios morfoclimáticos e consiga perceber que
existem zonas de transição entre uma paisagem e outra.
Para finalizar a aula, comente
com a turma os domínios morfoclimáticos do país. O amazônico é um conjunto de
terras baixas com florestas, sob clima equatorial, com umidade constante (Para saber mais, leia o Especial
Amazônia, disponível no site do Planeta Sustentável).Os mares de morros correspondem, por sua vez, a uma faixa
com a presença de topos de morros aplainados, convexos, como se fossem
meias-laranjas, recobertos em grande parte pela mata Atlântica. Entre outros
conjuntos, estão a depressão sertaneja – com a presença de caatingas – e os
chapadões do Planalto Central – com cerrados e matas-galeria acompanhando os
rios. Destaque no mapa a presença das faixas de transição - como o agreste
nordestino.
5ª aula
Na quinta aula, discuta com a moçada os riscos e ameaças aos biomas
brasileiros, os limites do processo de ocupação e a necessidade de medidas e
políticas públicas de proteção. Peça que examinem o mapa a seguir e comentem as
principais informações encontradas:
Brasil - Domínios naturais: limites e ameaças
Domínios naturais: limites e
ameaças. Fonte: THÉRY, H.; MELLO, Neli. Atlas do Brasil: disparidades e
dinâmicas do Território. São Paulo: Edusp, 2006, p. 70
Com base no mapa, discuta com a classe os principais desafios de conciliar
preservação com o desenvolvimento econômico-social. Peça que a classe observe
algumas consequências da ação humana na natureza: desabamentos em morros sem
cobertura de matas em áreas urbanas da faixa litorânea, avanço da
desertificação no sertão nordestino e o arco do desmatamento na Amazônia
oriental, área de expansão de fronteiras econômicas.
Explique a eles que esses problemas não surgiram recentemente, mas são o
resultado de anos. Dê o exemplo das matas Atlânticas, porta de entrada para a
ocupação histórica do território, hoje reduzidas a 7% de sua cobertura
original, com remanescentes que precisam ser preservados em sua biodiversidade.
Diga a eles que essas matas abrigam nascentes de cursos d’água e uma incrível
variedade de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Elas apresentam a mais rica
composição de mamíferos da América do Sul, com macacos-prego, o muriqui, a
onça-parda, a jagauatirica, quatis, gambás e outros, vários deles sob ameaça.
Converse com a turma também sobre o progressivo avanço da agricultura moderna
sobre os cerrados e os riscos da contaminação de cursos d’água no Pantanal (Para saber mais, leia o
artigo Cerrado,
um drama em silêncio, disponível no site do Planeta Sustentável). Nos campos do sul, vem avançando a formação de areais, com
visível perda de solos e coberturas.
6ª aula
Para finalizar a atividade, peça que os alunos se reúnam nos grupos e proponha
que elaborem um painel sobre o tema: “Biomas brasileiros: um mapeamento”.
Explique à turma que eles devem representar em seus trabalhos as
características dos biomas existentes no país, destacar os problemas
enfrentados atualmente – podem ser feitas reproduções dos mapas analisados,
acompanhadas de fotografias e ilustrações – e relacionar os traços e elementos
naturais encontrados no trabalho de campo ao bioma correspondente. Acompanhe o
trabalho dos grupos e esclareça possíveis dúvidas.
Como atividade de casa, solicite que cada aluno elabore um texto resumindo os
conceitos aprendidos nesta sequência didática. Explique que o material será usado
como apoio para as próximas aulas, em que eles vão analisar, em profundidade,
cada um dos biomas brasileiros.
Avaliação
Leve em conta a participação de cada aluno nas tarefas individuais e coletivas
e sua contribuição para o enriquecimento das discussões. Avalie a produção de
textos – relatórios, sínteses, legenda para o painel – e a organização de
textos e imagens no painel, considerando as características dos gêneros e a
clareza e organização textual. Observe também o domínio de conceitos apresentados
em sala. Se possível, reserve tempo para que a turma avalie a experiência.
Biomas brasileiros: Parte 2 - Amazônia
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Identificar e compreender a configuração natural do bioma Amazônia. Relacionar
coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos no bioma.
Analisar processos de ocupação na região, considerando energia e transportes,
extrativismo vegetal e mineral, agropecuária e urbanização. Reconhecer e
analisar a organização social de populações tradicionais da Amazônia.
Identificar unidades de conservação e usos sustentáveis da biodiversidade do
bioma Amazônia. Desenvolver pesquisa, coleta, seleção e organização de dados,
textos e imagens. Ler e interpretar mapas em diferentes escalas.
Conteúdos
Bioma Amazônia: caracterização, configuração natural, usos, riscos e ameaças;
Biodiversidade; Diversidade cultural; Populações tradicionais; Produção
econômica; Produção do espaço; Unidades de conservação; Cartografia
Anos
6º ao 9º ano
Tempo estimado
Cinco aulas
Introdução
Esta sequência didática é a segunda de uma série de oito propostas sobre os
biomas brasileiros para Ensino Fundamental II. A primeira delas teve como
objetivo fazer com os alunos um
mapeamento dos biomas brasileiros, acompanhado de
discussões sobre as classificações das unidades naturais presentes no
território brasileiro. (Confira as demais sequências da série ao lado).
Desta vez, o tema central é a Amazônia, bioma que se tornou símbolo mundial da
biodiversidade e que abriga a maior floresta tropical e a maior bacia
hidrográfica do planeta, com 68% da vazão nacional. À diversidade natural, hoje
ameaçada, se associa uma extraordinária diversidade cultural, composta por
povos indígenas, ribeirinhos, comunidades quilombolas, posseiros e
seringueiros.
Praticamente tudo que se refere à região é superlativo. O bioma Amazônia possui
cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados, distribuindo-se por nove países da
América do Sul. No Brasil, atinge 4,1 milhões de quilômetros quadrados, pouco
menos que a metade do território nacional. Uma extensa cobertura vegetal, à
primeira vista homogênea, revela em seu interior matas de terra firme,
encostas, igapós e várzeas, além de cerrados e campinas. Relativamente isolada
ao longo do tempo, a região tem hoje ritmo acelerado de crescimento e expansão
de fronteiras econômicas, gerando diversos focos de tensões sociais e impactos
ambientais.
O tema é um convite aos estudantes para saber mais sobre a riqueza e
complexidade das realidades da Amazônia, por meio de pesquisas, leitura de
textos e mapas, painéis e debates.
Desenvolvimento
1ª aula
Converse com os alunos sobre o que eles já sabem a respeito da Amazônia.
Discuta as informações levantadas pela classe e peça que registrem em seus
cadernos. Esses pontos serão retomados ao final da sequência. Em seguida,
divida a turma em pequenos grupos e peça que observem os mapas a seguir.
Pergunte aos alunos por que dizemos que não existe uma Amazônia, mas várias?
Bioma Amazônia
Bacia Hidrográfica Amazônica
Amazônia Legal
De acordo com os mapas, os
estudantes devem perceber que temos a Amazônia Legal, o bioma Amazônia, a Bacia
Hidrográfica Amazônica, além da divisão político-regional do país que
estabelece a Região Norte. Apresente informações sobre cada uma delas,
utilizando o texto a seguir.
Bacia Amazônica: desde sua
nascente, na Cordilheira dos Andes, no Peru, até a foz, o Amazonas tem uma
extensão de 6.400 quilômetros, superando o Nilo, segundo as últimas pesquisas.
É também o maior rio do planeta em vazão, com volume variando de 120 milhões a
200 milhões de litros de água por segundo. Essa vazão de água doce corresponde
a 20% de todos os rios do planeta. Estima-se que por dia ele lance no Oceano
Atlântico 1,3 milhões de toneladas de sedimentos.
Bioma Amazônia: Corresponde ao conjunto de ecossistemas que formam a Bacia
Amazônica. Está presente em nove países da América Latina. Além das florestas
tropicais, sua paisagem também é composta por mangues, cerrados, várzeas, entre
outros. No Brasil, encontra-se o núcleo dessa paisagem, a hiléia amazônica, com
grande concentração de árvores de grande porte, com até 50 metros de altura,
tendo o rio Amazonas como eixo que domina 300 quilômetros para cada lado do seu
curso, que ocupa 3,5 milhões de quilômetros quadrados.
Amazônia Clássica: É uma divisão política e geográfica, que inclui os seis
estados que formam a região Norte: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre e
Amapá. Nessas unidades, predomina a floresta tipo hiléia.
Amazônia Legal: É uma criação administrativa do governo federal, de 1996, que
juntou os estados da Amazônia Clássica aos que se situavam em suas bordas
(Maranhão, Tocantins e Mato Grosso), tendo com ela certa identidade física,
humana e histórica, seja no Meio Norte (pelo lado do Nordeste), como no
Planalto Central (pelo Centro-Oeste). Essa região poderia receber recursos dos
incentivos fiscais, um fundo formado pela renúncia da União à cobrança de
impostos de empreendedores dispostos a investir nessa fronteira ainda pouco
conhecida e ocupada. Em vez de aplicarem capitais próprios, esses investidores
podiam se habilitar a receber dinheiro que, sem os incentivos, teriam que ser
recolhidos ao tesouro nacional na forma de imposto de renda. Esse fundo foi
administrado por duas agências federais, a Superintendência do Plano de
Valorização Econômica da Amazônia - SPVEA (entre 1953 e 1966) e, em seguida, a
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – Sudam, extinta em 2000 sob
acusações de corrupção. Sua recriação foi prometida, mas até hoje não
efetivada.
Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental, 2004, p. 74.
Peça aos alunos que montem um
quadro-síntese com os dados. Informe também que, apesar da grande extensão, a
área do bioma Amazônia conta com apenas 25 milhões de habitantes. Segundo dados
do Instituto Socioambiental, descontadas as sobreposições, em 33% do bioma
localizam-se áreas protegidas, sendo 21% parques e terras indígenas e 12%
unidades de conservação federal e estadual.
2ª aula
Sugira à turma manter os grupos de trabalho e proponha que cada um deles
escolha um tema sobre a Amazônia, listados abaixo, para pesquisar e elaborar
painéis com textos, fotos, mapas e dados apresentados em tabelas e gráficos:
1. Bioma - formações florestais e outras coberturas, solos e fauna
2. A água na Amazônia
3. Diversidade sociocultural na Amazônia
4. Integração territorial e matriz de transportes da Amazônia
5. Matriz energética da Amazônia
6. Cidades e urbanização da Amazônia
7. Zona Franca de Manaus
8. Agropecuária na Amazônia
9. Extração de madeira, desmatamento e queimadas na Amazônia
10. Áreas protegidas, zoneamento ecológico-econômico e projetos de conservação
na Amazônia.
Explique à turma que as pesquisas devem ser realizadas ao longo desta aula e da
próxima, e dê algumas orientações e referências para o trabalho. Comente com os
estudantes que eles podem encontrar uma série de informações no movimento Planeta Sustentável e peça que leiam o Especial
Amazônia e o artigo Povos
da Amazônia, disponíveis no site.
Peça que os alunos levem em conta as diferentes fases e processos de produção
do espaço da região, e comente com eles o período da borracha, no século 19, e
os planos de desenvolvimento regional, nos anos 1970. Lembre-os, também, de
que, apesar da riqueza regional, a população da Amazônia apresenta dificuldades
de acesso aos recursos e serviços básicos. Diga à classe que, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad/IBGE de 2006, apenas 56% dos
domicílios estavam ligados à rede de água e somente 4% dos domicílios tinham
acesso à rede de esgotos.
Apresente aos alunos, ainda, os mapas a seguir:
Mapa 1 – Amazônia Legal: logística de transportes – 2006
Mapa 1 – Amazônia Legal:
logística de transportes – 2006. Fonte: BECKER & STENNO, p. 86.
Mapa 2 – Amazônia: desmatamento e Unidades de conservação
Mapa 2 – Amazônia: desmatamento
e Unidades de conservação. BECKER & STENNO, p. 74.
3ª aula
Acompanhe o trabalho dos grupos e destaque alguns pontos importantes. Sobre a
configuração do bioma e do meio físico, chame a atenção para o fato de a região
estar em clima equatorial, com temperaturas médias em torno de 26 a 27 graus
Celsius e elevada pluviosidade. A diversidade de coberturas compreende as matas
de terra firme – livres de inundações –, recobrindo cerca de 80% da Amazônia no
país. As matas de várzea ocupam terrenos ao longo dos rios de águas claras,
como o Amazonas, o Madeira e o Purus, e as matas de igapó podem ser encontradas
nos terrenos mais baixos e úmidos.
Ressalte também que grande parte dos solos amazônicos é ligeiramente ácida,
arenosa e com baixo teor de nutrientes. O que sustenta a portentosa floresta,
portanto, é o complexo sistema de ciclagem dos nutrientes.
Mostre também o arco do desmatamento, longa faixa do leste do Pará a Rondônia,
fortemente afetada pela expansão das frentes agropecuárias e madeireiras - e
seus riscos para as comunidades ribeirinhas, indígenas e outros povos da
floresta.
Comente com a classe que a biodiversidade é o maior patrimônio da região e
também do país. A flora compreende algo em torno de 30 mil espécies. São cinco
mil espécies de árvores, contra apenas 650 na América do Norte. Quanto à fauna,
destacam-se as espécies de peixes, aves e artrópodes – insetos, aranhas etc –
além de quase duas mil espécies de borboletas. Com base nessa riqueza,
multiplicam-se os usos com a “floresta em pé”, pesquisas, bioindústrias,
plantas para fitomedicamentos e cosmética, coleta e processamento de produtos
florestais, manejo florestal e outros. (Para
saber mais sobre outros projetos, leia o artigo Fundo
Amazônia já tem projetos, disponível no site do Planeta
Sustentável).
4ª e 5ª aulas
Reserve tempo e espaços para que os grupos finalizem os painéis e organizem
roteiros de apresentação dos resultados. Promova a apresentação dos grupos e discuta
os resultados com a turma. Elabore, com a participação de todos, um
quadro-síntese sobre a Amazônia. Em seguida, proponha que cada aluno volte às
impressões iniciais registradas na primeira aula e solicite que escrevam em que
medida os novos dado confirmaram as hipóteses iniciais.
Avaliação
Leve em conta a participação de cada um nos momentos individuais e coletivos.
Examine a correção de dados, mapas e textos e a disposição dos elementos do
painel. Avalie o domínio de noções, conceitos e processos que são uma chave
para o entendimento da realidade amazônica, de acordo com os objetivos
propostos. Reserve um tempo para que a turma avalie a experiência e considere a
possibilidade de novos desdobramentos para o trabalho.
Biomas brasileiros: Parte 3 - Mata Atlântica
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Identificar e compreender a configuração natural da Mata Atlântica e
ecossistemas associados. Relacionar coberturas vegetais, fauna, clima, relevo,
solos e recursos hídricos no bioma. Correlacionar distribuição e biodiversidade
do bioma. Identificar e avaliar processos de expansão agrícola,
industrialização, urbanização e construção de sistemas viários e seus efeitos
no bioma.
Reconhecer e analisar unidades e políticas de conservação e usos sustentáveis
do bioma. Desenvolver pesquisa, coleta, seleção e organização de dados, textos
e imagens. Ler e interpretar mapas em diferentes escalas.
Conteúdos
Bioma Mata Atlântica: caracterização, configuração natural, usos, riscos e
ameaças; Biodiversidade; Diversidade cultural; Produção econômica e produção do
espaço; Fragmentos florestais; Unidades de conservação.
Anos
6º ao 9º
Tempo estimado
Cinco aulas
Introdução
Esta sequência didática é a terceira de uma série de oito propostas sobre os
biomas brasileiros para Ensino Fundamental II. A primeira delas teve como
objetivo fazer com os alunos um mapeamento
dos biomas brasileiros, acompanhado de discussões
sobre as classificações das unidades naturais presentes no território
brasileiro. A segunda trouxe o detalhamento do bioma
Amazônia. (Confira as demais sequências da série
ao lado).
Nesta terceira sequência, o objetivo é discutir a Mata Atlântica, destacando a
configuração natural do bioma, a evolução histórica de usos e formas e ocupação
e o desafio atual da preservação dessa rica formação florestal. Convide a turma
para essa empreitada.
Texto de apoio ao professor - Matas Atlânticas
Imensa fachada florestal que surpreendeu os portugueses em sua chegada, as
Matas Atlânticas guardavam segredos que aos poucos foram sendo revelados.
Recobrindo originalmente de 12% a 15% do que veio a ser o território
brasileiro, elas se distribuíam pela faixa litorânea do Rio Grande do Norte ao
Rio Grande do Sul, avançando para áreas interiores e alcançando frações dos
atuais Paraguai e Argentina, em uma área de aproximadamente 1,1 milhão de
quilômetros quadrados.
Mas por que "Matas Atlânticas", no plural? Muito heterogênea e
diversificada, com distribuição azonal – uma variação climática latitudinal - e
em vários níveis de altitude, trata-se de uma das formações de maior
biodiversidade do planeta. O conjunto abriga matas de encosta e de altitude e
formações costeiras associadas a diferentes ecossistemas – manguezais,
restingas, vegetação de ilhas litorâneas -, além de enclaves de cerrados,
campos e campos de altitude. Tomando como referência a proposição dos geógrafos
Sueli A. Furlan, da Universidade de São Paulo, e João C. Nucci, da Universidade
Federal do Paraná, a denominação inclui todas as formações florestais que
compõem esse domínio natural e os ecossistemas associados.
Do extraordinário conjunto natural, formado sob a influência dos ventos úmidos
oceânicos, resta hoje somente 7% da cobertura original. Na região vive cerca de
62% da população brasileira, o equivalente a 110 milhões de pessoas, e está a
maior concentração de atividades do país – cidades, estradas, portos,
agropecuária, extrativismo etc. A área é palco de desmatamento ilegal e intensa
especulação imobiliária, ao mesmo tempo em que abriga populações que lutam para
manter seus modos de vida tradicionais, como caiçaras, indígenas e descendentes
de quilombolas.
Entre os grandes desafios das Matas Atlânticas nos dias de hoje destacam-se a
manutenção dessas populações remanescentes, a instituição de usos com a
“floresta em pé” e a compreensão da dinâmica dos diversos fragmentos
florestais.
Desenvolvimento
1ª e 2ª aulas
Proponha à turma a leitura e a interpretação dos mapas 1 e 2, apresentados
abaixo, e a comparação entre eles. As figuras mostram, respectivamente, a
distribuição original das Matas Atlânticas e as áreas remanescentes.
Explique aos alunos que a classificação utilizada indica formações florestais
ombrófilas – em que não falta umidade durante o ano – e estacionais – com maior
umidade em parte do ano. São descritas, também, vegetações densas ou abertas –
árvores de grande e médio porte com graus variados de densidade nos diversos
estratos. E aparecem, ainda, as divisões da região em áreas deciduais – em que
50% das árvores que perdem as folhas em parte do ano – ou semideciduais – com
perda periódica de folhas em 20% a 50% das árvores.
Mapa 1 – Matas Atlânticas:
cobertura vegetal original.
Fonte:
INPE. SOS Mata Atlântica, 2006.
Mapa 2 – Matas Atlânticas:
remanescentes florestais (2005).
Fonte: INPE. SOS Mata Atlântica, 2006.
Ao observar os mapas, os
estudantes vão notar que os principais remanescentes das Matas Atlânticas estão
situados em faixas no sul da Bahia e em uma larga faixa ao longo do litoral, do
Rio de Janeiro a Santa Catarina, com destaque para as formações no Vale do
Ribeira (SP) e norte do Paraná. Comente que a manutenção ocorre, paradoxalmente,
próxima à maior metrópole brasileira.
Peça que os alunos registrem as observações e solicite que façam em casa uma
pesquisa sobre as características de clima, flora e fauna das Matas Atlânticas
(para saber mais, leia a reportagem Era
uma vez a mata Atlântica, disponível no Planeta
Sustentável).
3ª aula
Confira os dados levantados pelos alunos em casa, complemente e discuta o tema
em sala de aula. É importante que os elementos naturais e as interações entre
as formas de vida e o meio físico estejam corretamente assinalados. Para isso,
utilize como referência o quadro a seguir.
Matas
Atlânticas
Florestas
costeiras – envolve mais de um tipo de mata em montanhas,
serras e nas planícies litorâneas. Nas praias, encontra-se a vegetação adaptada
à salinidade, insolação, solo arenoso e déficit hídrico. São plantas pioneiras
e rasteiras. Fora do alcance do mar, estão matas de jundu, com espécies
arbóreas, bromélias e o gravatá. Após o jundu, surge a mata de restinga, em
solos relativamente pobres e arenosos, com árvores e substrato arbustivo;
aparecem palmeiras, lianas, bromélias e samambaiaçus. Associados a estas
formações estão os manguezais, sob influência da água do mar e da água doce dos
rios, e costões rochosos.
Matas de encosta
– condicionadas ao clima e à alta pluviosidade durante todo o
ano, marcada pelos ventos úmidos de sudeste. No Sul e Sudeste, recobrem as
serras do Mar, Mantiqueira, Paranapiacaba e Geral. A umidade constante e as
altas temperaturas garantem florestas densas com árvores de 20 a 30 metros, em
dois ou mais estratos. Podem ser encontradas até espécies mais altas, de até 40
metros, como o jequitibá-branco. Há muitas epífitas e trepadeiras sobre as
árvores. O sub-bosque é escuro, úmido e com pouca ventilação. Em face de
declividades acentuadas em montanhas, os solos são rasos e sujeitos a
deslizamentos. Aí estão o pau-brasil, a paineira e as palmeiras. Em áreas
alteradas surgem as embaúbas.
Matas de
altitude e interiores – em topos de morros e montanhas há
pequenas alterações na vegetação. Nessas matas surgem as florestas de neblina,
face às temperaturas mais baixas – como é o caso de Paranapiacaba, em São
Paulo. As condições de insolação, temperatura e umidade variam de acordo com a
posição do conjunto natural e exposição dele ao sol. O porte das árvores é
menor, com caules mais tortuosos e ocupados por musgos, liquens e orquídeas.
Sob ventos mais frios e secos, surgem os campos de altitude ou rupestres, com
diversidade de espécies endêmicas (herbáceas e arbustos pequenos). As florestas
interiores, em grande parte, cederam lugar aos cultivos agrícolas e
urbanização. Restam poucos remanescentes, situados a oeste das serras e
montanhas costeiras. Sob clima mais marcadamente tropical e variadas condições
de solo – terra roxa, mais fértil, e arenosos, muito pobres – surgem as
perobas-rosas, imbuias e jatobás, além de palmeiras como o jerivá, e de matas
de pinhais, situadas mais ao sul do país.
Fauna –
a diversidade de fauna está associada à diversidade de ambientes. Na presença
de água, encontram-se os jacarés, sapos, cágados e algumas cobras e aves. Rãs e
saracuras preferem os brejos, e outros vivem tanto na água como na terra, como
antas, ratões do banhado, capivaras e ariranhas. No chão das florestas podem
ser encontrados lagartos, cobras, jabutis, quatis e catetos. As Matas
Atlânticas possuem a mais rica composição de mamíferos de toda a América do Sul
e talvez do planeta: gambás, cuícas, morcego, cachorro do mato e felinos como a
onça-parda e a jaguatirica e primatas de variados gêneros (mico-leão preto e
dourado, bugio, muriqui etc). Há, também, grande variedade de répteis e aves.
Muitas dessas espécies correm forte risco, causados principalmente pela
destruição de seu habitat natural. O mesmo ocorre com os peixes, colocados em
perigo devido ao assoreamento, represamento ou contaminação de rios.
Fonte: FURLAN, Sueli A.; NUCCI, João C. A conservação das florestas tropicais.
São Paulo: Atual, 1999, p. 32-38
(com adaptações).
Faça alguns destaques para a
turma. Pergunte a eles por que é importante preservar esses conjuntos naturais?
Ouça as repostas e comente que, além da manutenção da biodiversidade e das
formas de vida ali existentes, é preciso lembrar que as florestas tropicais –
como é o caso das Matas Atlânticas –, oferecem os chamados serviços ambientais,
elementos úteis à vida dos seres humanos: armazenamento de carbono, regulação
climática, controle de deslizamentos, inundações, erosão e assoreamento e uma
formidável produção de água.
Apesar dessas qualidades, mostre à classe que os usos e a ocupação predatórios
das Matas Atlânticas vêm de longa data. O historiador norteamericano Warren
Dean (1932-1994), por exemplo, conta que, no Rio de Janeiro do século 19, em
torno de quinhentos carroções de madeiras nobres eram descarregados na cidade
para serem usados como lenha ou em edificações.
Peça que os alunos relembrem outros exemplos de destruição das Matas
Atlânticas. Discuta as respostas da moçada e dê o exemplo de Cubatão, em São
Paulo. Atingida pelos gases tóxicos do pólo petroquímico, a região já foi
considerada o lugar mais poluído do planeta. Explique à classe que, atualmente,
podem ser encontradas experiências positivas de preservação ambiental próximas
a Cubatão. Um exemplo é a vila de Paranapiacaba, na Serra do Mar. A área é o
berço do rio Grande – principal formador da represa Billings, que abastece toda
a região da Grande São Paulo – e tornou-se pólo de preservação ambiental em 2001,
passando a ser mantida pelo Parque Municipal Nascentes de Paranapiacaba. (Para
saber mais, veja a reportagem O
que tem sido feito pela floresta, disponível no
Planeta Sustentável). Opções de cultivos agroflorestais, manejo de florestas e
serviços de turismo e Educação Ambiental também estão sendo testadas em
diversos pontos da região.
Peça que os estudantes pesquisem outras unidades de conservação, de preservação
integral e de uso sustentável no país.
4ª aula
Peça aos alunos que organizem os dados sobre as Matas Atlânticas obtidos nas
aulas anteriores e pesquisados em casa. Divida a turma em pequenos grupos e
proponha que elaborem painéis em cartolina, papel kraft ou, se possível, em
meio eletrônico, com textos e imagens (mapas, fotos, ilustrações) tratando os
seguintes temas:
- Configuração natural do bioma
- Evolução histórica de usos e formas e ocupação
- Desafios da preservação
- Propostas para o uso sustentável das Matas Atlânticas
Peça que os grupos preparem um pequeno roteiro escrito para apresentar suas
ideias à classe na aula seguinte.
5ª aula
Reserve a última aula para a apresentação dos grupos. Terminadas as exposições,
discuta os resultados finais e elabore com a turma um quadro-síntese sobre o
tema. Considere a possibilidade de expor os resultados na escola.
Avaliação
De acordo com os objetivos e conteúdos previstos, avalie o domínio de noções,
conceitos e processos que são chave para o entendimento da realidade estudada.
Leve em conta a participação de cada um nos momentos individuais e coletivos e
examine a correção de dados, mapas e textos e outros elementos no painel. Não
se esqueça de examinar a organização e clareza dos textos e da exposição oral e
verificar as contribuições de cada estudante nas tarefas individuais e
coletivas. Reserve um tempo para que a turma avalie a experiência e examine
novos desdobramentos para o trabalho.
Biomas brasileiros: Parte 4 - Cerrado
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Identificar e compreender a distribuição e a configuração natural do cerrado
brasileiro, incluindo suas formações abertas, florestas e ecossistemas
associados.
Relacionar coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos
do bioma.
Correlacionar distribuição e biodiversidade do bioma.
Identificar e avaliar processos de expansão agrícola, industrialização,
urbanização e construção de sistemas viários e seus efeitos no bioma.
Reconhecer e analisar unidades e políticas de conservação e usos sustentáveis
do bioma.
Conteúdos
Bioma Cerrado: caracterização, configuração natural, usos, riscos e ameaças;
Biodiversidade;
Populações tradicionais e diversidade cultural;
Agropecuária moderna e produção do espaço nos cerrados;
Matas ciliares;
Bacias hidrográficas e recursos hídricos;
Unidades de conservação;
Pesquisa, coleta, seleção e organização de dados, textos e imagens;
Leitura e interpretação de mapas em diferentes escalas.
Anos
6º ao 9º
Tempo estimado
Quatro aulas
Introdução
Esta é a quarta sequência didática de uma série de oito propostas sobre os
biomas brasileiros para Ensino Fundamental II. A primeira delas teve como
objetivo fazer com os alunos um mapeamento
dos biomas brasileiros, acompanhado de discussões
sobre as classificações das unidades naturais presentes no território
brasileiro. A segunda trouxe o detalhamento do bioma
Amazônia e a terceira destaca as matas
atlânticas brasileiras. (Confira as demais
sequências da série ao lado).
Nesta sequência, vamos discutir
a configuração natural dos cerrados, reconhecendo sua distribuição bem como as
interações entre formas de vida e meio físico. Apesar de ser o segundo maior
bioma do país – só perde em extensão para a Amazônia – e possuir rica
biodiversidade e elevado endemismo de espécies de plantas, está sob séria
ameaça diante da expansão da agropecuária moderna e virtuais desdobramentos.
Convide a garotada a saber mais sobre a grande savana brasileira.
Texto
de apoio ao professor - Cerrado
Os cerrados estão localizados basicamente no Planalto Central do Brasil.
Configurando o que Aziz Ab´Saber denominou como domínio morfoclimático, eles
correspondem à extensão de chapadões tropicais com cerrados e matas-galeria. Há
também fragmentos de cerrado em Roraima, Amapá, Amazonas, Minas Gerais, em
estados do Nordeste e no sul-sudeste do Brasil. Em sua origem, o bioma recobria
cerca de 2,1 milhões de quilômetros quadrados, ou 23% da área total do
território nacional.
Face às condições climáticas – clima tropical típico com estações bem
definidas, seca de abril a setembro, e chuva de outubro a março, e temperaturas
médias em torno de 25º C, podendo chegar a máximas de 40ºC no alto verão – e
aos tipos de solo – em muitos casos, ácidos, arenosos, com deficiência de
nutrientes e ricos em ferro e alumínio –, o bioma apresenta grande diversidade
de coberturas vegetais. Entre elas estão formações abertas como os campos
“limpos” e “sujos”, com predomínio de arbustos e vegetação rasteira; os campos rupestres,
em topos de serras e chapadas acima dos 900 metros de altitude; o cerradão, com
florestas associadas a solos profundos de média a baixa fertilidade; e as matas
de galeria, que acompanham o curso dos rios e córregos.
São 12 mil espécies de plantas já identificadas, sendo que cerca de 4.400 são
endêmicas – exclusivas da área – com variedade de flores e frutos ainda
desconhecidos pela maioria da população brasileira. Além do pequi e do buriti,
que já romperam fronteiras, encontra-se ali ingá, pitomba, mangaba, baru,
cagaitá, entre outros. Há numerosas espécies de borboletas – mais de mil já
catalogadas –, mamíferos – lobo-guará, veados, tatus, onças etc – e aves como
emas, seriemas e papagaios. Entre as espécies vegetais estão o barbatimão, a
gabiroba, o araçá, a sucupira, a indaiá, as sempre-vivas etc. Muitas delas
estão adaptadas a buscar água em lençóis freáticos profundos. Daí a imagem de
que o cerrado é uma “floresta de cabeça para baixo”.
O bioma é, também, recortado por rios das três maiores bacias hidrográficas da
América do Sul: Tocantins-Araguaia, que abastece a bacia amazônica; São
Francisco; e Prata, com sub-bacias como as do Paraná e do Paraguai.
Apesar de sua rica biodiversidade e seu papel como importante produtor de água,
os Cerrados não têm o mesmo prestígio da Amazônia e das Matas Atlânticas. As
coberturas de árvores com galhos retorcidos e folhas e cascas grossas,
relativamente esparsas entre a vegetação rala e rasteira, foram marcadas ao
longo do tempo de forma negativa, como um ambiente hostil a ser ocupado e
transformado.
Desse modo, quase 800 mil quilômetros quadrados do bioma já foram devastados,
em especial pelo avanço da agropecuária moderna, queimadas, corte de árvores,
abertura de estradas e surgimento ou expansão de cidades. Apenas 3% do cerrado
encontra-se em áreas protegidas. O bioma não figura na Constituição Federal
como patrimônio ambiental brasileiro – como ocorre com Amazônia, Matas
Atlânticas, Pantanal e Zona Costeira. A diversidade cultural do país também
está ameaçada, já que a região abriga diversas reservas indígenas e comunidades
de remanescentes de quilombolas, entre elas a dos Calunga (nordeste de Goiás),
com mais de mil famílias. (Para saber mais, leia as reportagens Delícias do
cerrado, Esqueceram o desmate do cerrado e Cerrado paulista, disponíveis no
site do Planeta Sustentável).
Desenvolvimento
1ª e 2ª aulas
Proponha que os estudantes
examinem os mapas a seguir com a cobertura vegetal original do cerrado e as
áreas remanescentes, que resistiram à devastação.
MAPA 1 -
Cerrado: Cobertura original
Fonte: National Geographic
Brasil, out. 2008, p. 63
MAPA 2 - Cerrado: Retração da
vegetação nativa
Fonte:
IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2004, p. 110.
Peça que observem as
mudanças na distribuição do cerrado no Planalto Central e em outras áreas do
país. Converse com a turma sobre as principais características naturais,
econômico-sociais e culturais da região (utilize o texto-base como referência).
Se necessário, apresente imagens e outros documentos para a classe.
Em seguida, proponha que se dividam em grupos para pesquisar as principais
características do bioma. Cada grupo deve escolher um dos subtemas abaixo:
- Diversidade de coberturas vegetais no cerrado;
- Cerrado brasileiro, um berço das águas;
- Expansão da agropecuária moderna no cerrado;
- Como vivem os povos indígenas dos cerrados;
- Como vivem os remanescentes de quilombolas no cerrado;
- Preservação: os Parques nacionais das chapadas dos Guimarães e dos Veadeiros.
Explique à moçada que o levantamento servirá de base para seminários e uma
discussão oral sobre o tema geral “O que o Brasil perde sem o cerrado: desafios
da preservação”, que serão organizados nas aulas seguintes.
3ª aula
Auxilie os grupos na organização dos resultados das pesquisas e na preparação
dos seminários. Os estudantes devem incluir nos trabalhos mapas, fotografias e
outros materiais iconográficos. Peça, também, que selecionem as informações
principais, preparem algumas anotações, e ensaiem o que vão dizer aos colegas.
Para tornar o trabalho mais rico, forneça informações adicionais. Explique à
moçada que a ocupação efetiva do bioma começou a ocorrer na década de 1960. Com
o estabelecimento do regime militar, sucessivos governos promoveram a abertura
de estradas e deram incentivos à expansão de culturas como soja, arroz e trigo
(e, hoje, a cana), e criação de aves e gado bovino. A expansão foi
possibilitada pela correção de solos e o desenvolvimento de novas espécies de
sementes, adaptadas às condições locais, com forte participação da Embrapa. O
estado de Mato Grosso é hoje o maior produtor nacional de soja e a região
Centro-Oeste se destaca na criação de gado bovino.
Comente, também, que os desmatamentos, as queimadas e o uso de produtos
químicos na agricultura tornaram-se um problema a ser enfrentado no cerrado
brasileiro. Segundo muitos especialistas, a região, que se tornou um celeiro
agrícola e vem passando por rápido processo de modernização e urbanização, pode
estar perdendo sua maior riqueza: a disponibilidade de água e de solos
produtivos. Voçorocas (grandes buracos formados pela erosão causada pela chuva
e por intempéries em solos de vegetação escassa), contaminação de cursos d’água
e assoreamento tornaram-se comuns recentemente e são um alerta importante.
Por fim, explique que o forte debate dos últimos anos levou a uma maior
fiscalização da devastação e fez com que fossem considerados usos mais
sustentáveis do bioma, como o ecoturismo (parques e chapadas, região pantaneira,
Jalapão etc), coleta e processamento de produtos da biodiversidade do cerrado,
melhor gestão dos recursos hídricos, economia da preservação, entre outros.
4ª aula
Reserve a última aula para a apresentação dos seminários. Peça que os grupos
apresentem os resultados de suas pesquisas para o restante da turma. Em
seguida, promova uma discussão coletiva em que os estudantes discutam suas
conclusões e considerações sobre o tema principal. Ao final dos debates,
elabore com a moçada um quadro-síntese com os principais pontos e encomende uma
dissertação individual sobre o tema.
Avaliação
Leve em conta a participação de cada estudante nas tarefas individuais e
coletivas. Verifique também o domínio de conceitos, processos e habilidades em
jogo. Avalie a pertinência das colocações em termos de propostas e alternativas
de uso do bioma cerrado e examine a organização e clareza dos textos e da
exposição oral. Se necessário, crie uma ficha de registros de atividades para
facilitar a avaliação final. Reserve um tempo para que a turma avalie a
experiência.
Biomas brasileiros: Parte 5 - Caatinga
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Identificar e compreender a distribuição e a configuração natural da caatinga.
Relacionar coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos
no bioma. Correlacionar distribuição e biodiversidade. Identificar e avaliar
processos de ocupação e perda de coberturas vegetais originais. Reconhecer e
avaliar unidades e políticas de conservação e usos sustentáveis do bioma, assim
como programas para contenção de sua devastação. Desenvolver pesquisa, coleta,
seleção e organização de dados, textos e imagens. Ler e interpretar mapas em
diferentes escalas.
Conteúdos
Bioma Caatinga: caracterização, distribuição, configuração natural, usos,
riscos e ameaças; Caracterização do Sertão nordestino; Biodiversidade; Bacias
hidrográficas e recursos hídricos; Unidades de conservação.
Anos
6º ao 9º ano
Tempo estimado
Quatro aulas
Introdução
Esta é a quinta sequência didática de uma série de oito propostas sobre os
biomas brasileiros para Ensino Fundamental II. A primeira delas teve como
objetivo fazer com os alunos um
mapeamento dos biomas brasileiros, acompanhado de
discussões sobre as classificações das unidades naturais presentes no território
brasileiro. A segunda trouxe o detalhamento do bioma
Amazônia, a terceira destacou as matas
atlânticas brasileiras e a quarta sequência
abordou a situação atual dos cerrados.
Este plano tem como objetivos discutir a configuração natural da caatinga, sua
composição e diversidade de espécies e sua relação com as condições climáticas.
Bioma exclusivamente brasileiro, ela abrange frações de todos os estados do
Nordeste, além do norte de MG, numa área de 826,4 mil km² - cerca de 11% do
território nacional, maior que Espanha e Portugal somados. Dados recentes,
publicados em 2010 pelo Ministério do Meio Ambiente, indicam um aumento da
devastação do bioma, que tem baixos percentuais de áreas protegidas.
Texto de
apoio ao professor - Caatinga
As tradicionais imagens da caatinga e do semiárido nordestino, com solos secos
e rachados e plantas de pequeno porte, muitas vezes deixam de revelar a extrema
complexidade e diversidade do bioma. Suas paisagens refletem um clima de forte
insolação, temperaturas elevadas na maior parte do ano, solos pedregosos,
chuvas escassas e irregulares, com secas periódicas. Parte dos rios é intermitente
e sazonal; as exceções são os caudalosos Parnaíba e São Francisco.
Como salienta o professor Aziz Ab’Saber, cerca de 85% do espaço total do
Nordeste seco se estende por depressões interplanálticas, situadas entre
antigos maciços cristalinos e chapadas eventuais, sob a forma de incontáveis
colinas sertanejas. Essas colinas são sulcadas por rios e riachos
intermitentes, em climas quentes e relativamente secos. Mas a diversidade de
solos e a presença de serras e brejos denotam também a presença de áreas mais
úmidas. O inverno seco dura de cinco a oito meses, com maior precipitação no
verão, mas irregulares no tempo e no espaço.
Na região, massas de ar descendentes, mais secas e orientadas para a
superfície, impedem a ascensão de ar indispensável à formação de nuvens e
ocorrência de chuvas. Completa esse quadro natural a cobertura com vegetação
arbustivo-arbórea e, mais raramente, arbórea. De origem tupi-guarani, caatinga
significa mata branca. São pelo menos 12 tipos de coberturas, desde matas secas
(caatinga arbórea) até caatingas abertas, capoeiras e extensões de arbustos
baixos. As folhas miúdas, as cascas grossas e as hastes espinhentas são
adaptadas à evapotranspiração intensa, tendo algumas plantas sistemas para
armazenamento de água, como o mandacaru, xique-xique, barriguda e umbuzeiro.
São pelo menos 930 espécies de plantas, sendo 380 endêmicas. Na região existem
pelo menos 510 espécies de aves, das quais 470 se reproduzem localmente -
dependem da vegetação para sobreviver. Há também ali grande variedade de cobras
e lagartos.
Estudo recente lançado pelo Ministério do Meio Ambiente indica que o total de
caatinga devastada saltou de 43,3% em 2002 para 45,3% em 2008 – crescimento de
área equivalente à do município de São Paulo. Entre as principais causas
apontadas para esse avanço estão o uso da cobertura para lenha e carvão e o
avanço de frentes agrícolas e de pecuária. Como se sabe, há novas frentes de
expansão da moderna cultura de grãos pelo oeste da Bahia e sul do Maranhão e
Piauí. Entre os municípios que registraram maior perda de caatinga estão
Acopiara e Tauá (CE), Bom Jesus da Lapa e Campo Formoso (BA) e Serra Talhada
(PE). O avanço preocupa porque apenas 7% da cobertura está protegida por
unidades de conservação federais ou estaduais, com os habituais problemas de
controle e fiscalização. Desse total, apenas 1% é de unidades de proteção
integral.
Com isso, podem estar em risco espécies de flora e fauna e a rica “farmácia a
céu aberto” representada por diferentes plantas de uso medicinal, como a
catingueira, o jerico e o angico.Diversos estudos e programas indicam, pelo
menos, 80 áreas prioritárias para conservação da caatinga e definição de
políticas articuladas entre União, estados e municípios de combate à devastação
do bioma. Uma unidade de conservação a ser destacada é o Parque Nacional da
Serra da Capivara, declarado patrimônio cultural pela Unesco em 1991, em função
de seus mais de 500 sítios de pinturas rupestres, e abrigo de espécies
ameaçadas como jaguatirica e tamanduá-bandeira.
Mesmo diante das dificuldades do homem sertanejo – quase 1 milhão de famílias
vivem em situação de penúria, num quadro de grande concentração fundiária - o
Nordeste seco é o semi-árido mais povoado do planeta.
Desenvolvimento
1ª e 2ª aulas
Peça que os alunos se dividam em pequenos grupos e pesquisem informações sobre
configuração natural do bioma caatinga (distribuição das coberturas vegetais,
aspectos climáticos, formas de relevo, bolsões de umidade, rede de drenagem) e
processos de constituição dos espaços no Nordeste seco. É fundamental que
recolham fotos e mapas sobre a região em questão. Solicite que organizem os
dados e examinem o mapa a seguir, com a escala de devastação do bioma nos
últimos anos. Com base no mapa, peça que identifiquem as áreas mais afetadas
pela retirada das coberturas vegetais originais.
Mapa - Distribuição do
desmatamento da caatinga - 2008
Mapa - Distribuição do desmatamento da
caatinga. Fonte: Ibama. Ministério do Meio Ambiente.
Em verde, a cobertura vegetal
original; em bege, o desmatamento ocorrido antes de 2002; e em marrom, os novos
pontos de desmate (entre 2002 e 2008).
3ª e 4ª aulas
O avanço da devastação da caatinga coloca os holofotes sobre as políticas de
conservação na região. Proponha que os estudantes recolham dados sobre as
unidades de conservação – entre elas, o Parque Nacional da Serra da Capivara e
da Chapada do Araripe e o Raso da Catarina – identificando espécies e ambientes
protegidos. Do mesmo modo, o potencial da vegetação em termos de fármacos e
produção de medicamentos e o desenvolvimento de novas tecnologias para atenuar
os rigores do clima, como os sistemas de cisternas em comunidades rurais para
armazenamento de água. Um histórico do combate às secas na região – que muitas
vezes beneficiou somente as elites agrárias – é fundamental para contextualizar
o quadro político e econômico-social regional.
Os dados recolhidos devem compor relatórios de pesquisa sobre o bioma. Oriente
a turma para incluir informações sobre a situação atual e as perspectivas
futuras a caatinga e o homem sertanejo. Os trabalhos serão utilizados nas
últimas aulas desta série, em que será feito um balanço dos desafios para a
conservação dos biomas brasileiros.
Avaliação
Avalie a participação de cada estudante nos momentos individuais e coletivos.
Verifique também o domínio de conceitos, processos e habilidades em jogo sobre
a caatinga. Examine organização dos relatórios. Se necessário, crie uma ficha
de registros de atividades para facilitar a avaliação. Reserve tempo para a
turma avaliar a experiência.
Biomas brasileiros: Parte 6 - No Pantanal, nos campos e no
litoral
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Identificar e compreender a distribuição e configuração dos biomas. Relacionar
coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos nas
interações específicas de cada bioma. Correlacionar distribuição e
biodiversidade dos biomas. Identificar e avaliar processos de ocupação e perda
de coberturas vegetais originais nos biomas. Reconhecer e avaliar unidades e
políticas de conservação e usos sustentáveis dos biomas, assim como programas
para contenção de sua devastação. Desenvolver pesquisa, coleta, seleção e
organização de dados, textos e imagens. Ler e interpretar mapas em diferentes
escalas.
Conteúdos
Biomas Pantanal, Campos, Mata de Araucárias, Ecossistemas costeiros:
caracterização, distribuição, configuração natural, usos, riscos e ameaças;
Biodiversidade; Bacias hidrográficas e recursos hídricos; Unidades de
conservação.
Anos
6º ao 9º ano
Tempo estimado
Quatro aulas
Introdução
Esta sequência didática é a sexta proposta de série de oito sobre os biomas
brasileiros para alunos do Ensino Fundamental II. A primeira delas teve como
objetivo fazer com os alunos um mapeamento
dos biomas brasileiros, acompanhado de discussões
sobre as classificações das unidades naturais presentes no território
brasileiro. A segunda trouxe o detalhamento do bioma
Amazônia, a terceira destacou as Matas
Atlânticas brasileiras. A quarta sequência
abordou a situação atual dos Cerrados e a quinta, por sua vez, teve a Caatinga
como destaque. (Confira as demais sequências da
série ao lado).
Esta sequência complementa a apresentação de biomas e ecossistemas brasileiros
iniciada nas aulas anteriores. Nela são colocados em destaque ecossistemas,
coberturas e formas de vida que, se não têm a mesma extensão de grandes biomas
como a Amazônia e as Matas Atlânticas, possuem especificidades que aumentam
ainda mais a rica diversidade natural brasileira. Aproveite esta sequência para
discutir com a moçada o Pantanal, os Pampas, as Matas de Araucária e os
Ecossistemas costeiros.
Texto
de apoio ao professor - No Pantanal, nos campos e no litoral...
Chamado de Paraíso das Águas, o Pantanal
matogrossense conforma a maior planície de inundação contínua do mundo, numa
área de transição entre a floresta amazônica, o Planalto Central brasileiro e o
Chaco boliviano. Com diversos ecossistemas aquáticos, semi-aquáticos e
terrestres e vegetação predominantemente aberta, o que mais chama a atenção na
região é seu regime de cheias, de novembro a fevereiro, em que as águas de mais
de 4 mil km de rios da região transbordam e alagam a planície. No período da
estiagem, com menos água, que chega de bacias adjacentes lentamente, os rios
retornam ao seu leito, formando-se milhares de lagoas (chamadas de
"baías”) nas margens.
Ali, a vida fervilha com o intenso movimento de pássaros, peixes, répteis e
mamíferos. O Pantanal é também o paraíso das aves, com cerca de 650 espécies
diferentes. Aves aquáticas e espécies migratórias pousam na região em busca de
abrigo, alimentação e locais para a sua reprodução. Ipês de cores variadas,
buritis, onças, capivaras, cobras e jacarés e o desengonçado tuiuiú compõem as
paisagens. A região é um pólo de pecuária, pesca e turismo, com o gradativo
avanço da agricultura moderna. Ameaçam este ecossistema o uso de biocidas
agrícolas, a substituição de pastagens originais por espécies exóticas e a
retirada de matas ciliares. A criação de animais ao natural, de forma
controlada, seria uma alternativa mais sustentável, assim como o ecoturismo
controlado.
As Matas de
Araucárias são um tipo de floresta ombrófila (em que não falta
umidade) mista sobre planaltos e serras do Sul e Sudeste, atingindo, em sua
origem, o nordeste da Argentina. Apesar de pouco afetada pela tropicalidade,
ocorre em áreas de pluviosidade em torno de 1000 mm. As temperaturas são de
moderadas a baixas no inverno. De acordo com dados recolhidos para o Almanaque
Brasil Socioambiental, a situação ali é crítica: restam apenas 5% da cobertura
original e, desses remanescentes, apenas 0,7% são de áreas primitivas. A
intensa exploração madeireira nos últimos 150 anos está entre as responsáveis
pela devastação das paisagens recobertas pelo pinheiro-do-paraná, a Araucária
angustifólia, espécie arbórea de grande porte e folhas pontiagudas.
Os Pampas ou
Campos sulinos são conjuntos naturais formados por extensas
planícies e colinas suaves recobertas por gramíneas, varridas pelos ventos do
sul e associadas aos banhados e lagunas próximas à faixa costeira ou pontuadas
por araucárias e matas subtropicais nos interiores. Dada a sua configuração,
constituem excepcionais pastagens naturais, mas o desaparecimento das
coberturas e a exploração nas áreas de arenitos têm feito avançar os campos de
dunas e areais, em especial no sudoeste gaúcho.
Os ecossistemas
costeiros são compostos, no território nacional, por áreas
estuarino-lagunares, formadas por corpos d´água semiabertos que deságuam no
oceano. Há, também, manguezais, com vegetação adaptada ao clima tropical e aos
extremos de maré diários. Essas áreas são caracterizadas por solos lodosos e
constantemente alagados, que servem de base a cadeias alimentares costeiras,
sendo utilizados por inúmeras espécies como área de alimentação e procriação.
Os ecossistemas costeiros contam, ainda, com praias, dunas, restingas e costões
rochosos.
Dada a expansão de indústrias, cidades, concentração populacional, portos,
estradas e do turismo sobre essas áreas, a sua gestão torna-se uma operação
complexa e conflituosa. Elas são particularmente afetas pela expansão de
empreendimentos imobiliários, já que as zonas costeiras estão entre as mais
habitadas do planeta.
(Para saber mais, acesse as reportagens “Pantanal no ar”, “Litoral em perigo” e
“Destruição de manguezais”, disponíveis no site do Planeta Sustentável
).
Desenvolvimento
1ª e 2ª aulas
Peça à turma que examine os mapas a seguir e identifiquem a distribuição dos
biomas e ecossistemas no território nacional. Note que ecossistemas como os
costeiros precisam ser observados em escalas cartográficas maiores, dada a sua
extensão e distribuição ou sua associação com outros biomas. Se necessário,
sugira observações de representações em escala regional.
A observação pode ser complementada com exames de fotos e figuras (veja
indicações ao final).
Mapa – Brasil – coberturas vegetais originais
Fonte:
THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território.
São Paulo: Edusp, 2005, p. 61.
Em seguida, proponha que os
estudantes se dividam em quatro grupos e escolham um dos biomas e ecossistemas
abaixo para fazer uma pesquisa:
- Pantanal,
que recobre 150 mil km2 do território nacional, nos estados de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, além de frações do Paraguai e Argentina;
- Pampas,
pampas gaúchos ou campos sulinos, com 176 mil km2 no Brasil, no estado do Rio
Grande do Sul e faixas em territórios vizinhos (em especial Uruguai e
Argentina), sob forte ameaça dos areais;
- Matas de
Araucárias, que na origem se distribuía por 185 mil km2 em
planaltos e serras do Sul e Sudeste do país, dos quais restaram apenas
5%.
- Ecossistemas
costeiros, complexo mosaico de ambientes como estuários,
manguezais, praias, dunas, restingas e costões rochosos. Distribuídos ao longo
do extenso litoral (cerca de 8 mil km), sua vulnerabilidade chama especial
atenção porque é na faixa costeira do país que estão as maiores densidades
demográficas e de urbanização e a maior concentração de atividades econômicas e
das redes viárias do país.
Explique à turma que eles devem aprofundar os conhecimentos sobre as
características, uso e situação atual dos biomas ou ecossistemas escolhidos.
Proponha que levantem dados e informações sobre natureza e aspectos
histórico-culturais, assim como os processos de ocupação. É importante que
identifiquem riscos e ameaças a esses ambientes, tanto para o meio físico –
cursos d’água, vertentes – como o universo orgânico – plantas, animais, solos –
e selecionem mapas, fotos, figuras e outras iconografias. Assinale a
importância de identificar também projetos de preservação e unidades de
conservação existentes nas áreas em questão. Estimule a garotada a pesquisar e
saber mais sobre as unidades localizadas no município ou região.
3ª aula
Reserve a terceira aula para que os alunos organizem os dados, textos e imagens
coletados. Proponha que elaborem paineis ou power points – se houver
equipamentos disponíveis na escola – sobre os biomas e ecossistemas escolhidos.
Auxilie os estudantes na preparação das exposições para a classe e outras
turmas da escola. Passe pelos grupos e complemente as pesquisa com as
informações contidas no texto de apoio ao professor.
Explique à turma que, para ajudar na exposição dos trabalhos, eles devem
preparar roteiros com as informações principais, e podem pegar algum tempo da
aula para ensaiar.
4ª aula
Organize a classe para as apresentações. Estipule as regras e o tempo que cada
grupo terá para falar e responder às perguntas dos colegas. Feitas as
apresentações, discuta os resultados com a turma.
Como esta é a última aula em que serão explicados os biomas, aproveite para
retomar com a classe os estudos anteriores. Peça que recordem oralmente as
principais características dos seguintes biomas: Amazônia; Mata Atlântica;
Cerrado; e Caatinga. Os alunos podem consultar as anotações das aulas
anteriores para ajudar no levantamento. Anote no quadro as principais
informações e peça que os estudantes registrem essa síntese nos cadernos.
Para terminar, explique que, nas próximas aulas, serão debatidos os desafios da
conservação dos biomas brasileiros.
Avaliação
Considere a participação de cada aluno nas tarefas individuais e coletivas e o
domínio dos conceitos, noções e processos em jogo. Observe também a correção
nos dados e informações sobre os ambientes estudados. Valorize as correlações
feitas pelos grupos entre processos mais gerais de ocupação, devastação ou
preservação e o que vem ocorrendo no município ou região. Examine a organização
dos textos e materiais de apoio às apresentações. Reserve tempo para que a
turma avalie a experiência.
Biomas brasileiros: Parte 7 - Desafios da conservação I
Objetivos
Reconhecer e avaliar concepções e visões de desenvolvimento sustentável.
Identificar medidas e iniciativas de tratados e convenções internacionais sobre
proteção de florestas e da biodiversidade. Compreender a importância da
preservação das florestas para a manutenção da biodiversidade e de serviços
ambientais correspondentes. Avaliar projetos e políticas públicas em relação ao
uso e ocupação e florestas no Brasil. Avaliar iniciativas de uso sustentável de
florestas no Brasil.
Conteúdos
Desenvolvimento sustentável; Biomas brasileiros; Biodiversidade; Preservação e
Conservação; Convenções, acordos e tratados internacionais sobre florestas e
biodiversidade; Políticas públicas de meio ambiente no Brasil; Usos
sustentáveis dos recursos florestais no Brasil.
Anos
6º ao 9º ano
Tempo estimado
Quatro aulas
Introdução
Esta é a sétima sequencia didática de uma série de oito planos sobre os biomas
brasileiros. Os planos anteriores buscaram
destacar os principais pontos relativos à configuração natural, usos e
organização dos espaços, degradação e desmatamento e iniciativas sustentáveis
na Amazônia, Mata
Atlântica, Cerrados, Caatinga, Pantanal,
ecossistemas costeiros e outros.
Em função das preocupações com os índices de
desmatamento, destruição de ecossistemas e riscos às espécies de flora e fauna
em todo o mundo, a ONU declarou 2010 como o Ano Internacional da
Biodiversidade. No segundo semestre deste ano, tal como ocorreu em 2009 com a
questão das mudanças climáticas, representantes dos países irão se reunir para
debater o alcance ou não de metas de redução do desmatamento – uma empreitada
em que as que as tensões e divergências já se anunciam. Movimentos sociais e
entidades vêm lutando para criar metas mais ambiciosas nos países, tendo o
desmatamento zero como horizonte.
Nesta sequência didática, a ideia é que os estudantes examinem alguns
princípios e concepções fundamentais relativos ao desenvolvimento
sustentável. A turma vai estudar tratados e convenções
internacionais, além de políticas públicas e iniciativas sustentáveis relativas
aos biomas brasileiros. Na próxima sequência, que encerra a série,
vamos ver, em detalhes, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação no
Brasil e as iniciativas em curso em outros países.
Texto
1 - O Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento sustentável é
aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade
de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Ele contém dois
conceitos-chave: (1) o conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades
essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade; (2) a
noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõem
ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.
(...) No contexto específico das crises de desenvolvimento e do meio ambiente
surgidas nos anos 1980 – que as atuais instituições políticas e econômicas
nacionais e internacionais ainda não conseguiram e talvez não consigam superar
–, a busca do desenvolvimento sustentável requer:
- sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo
decisório;
- sistema econômico capaz de gerar excedentes e know how técnico em bases
confiáveis e constantes;
- sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento
não equilibrado;
- sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do
desenvolvimento;
- sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções;
- sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e
financiamento;
- sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se.
(Relatório Nosso Futuro Comum,
ONU, 1987.___In: Giansanti, R. 1999)
Texto
2 - Desenvolvimento sustentável: que bicho é esse?
A expressão “desenvolvimento
sustentável” parece até ter virado moda de tanto que está sendo usada, como se
pudesse ser a salvação de todos os males. Está presente em todos os lugares:
nos discursos políticos, nos programas de governo, nos projetos sociais de
empresas e até na fachada de escolas. Por isso mesmo é que temos de tentar
entender melhor o seu significado, para que não pareça ou resulte em expressão
vazia.
(...) O Relatório Brundtland expressou, pela primeira vez num organismo
internacional, em 1987, o desejo de que o desenvolvimento seja sustentável.
Isto é, manifesta a ambição de que o crescimento econômico – por enquanto o
principal motor do desenvolvimento – possa respeitar os limites da natureza, em
vez de destruir seus ecossistemas. (...) Ora, se já faz tantos anos que se fala
em desenvolvimento sustentável, torna-se inevitável perguntar, mais uma vez,
por que os grandes desafios ambientais não estão sendo enfrentados. (...)
Estudiosos esboçaram um “caminho do meio”. Eles distinguem claramente o
crescimento econômico do desenvolvimento. Para eles, o desenvolvimento depende
de como os recursos gerados para o crescimento econômico são utilizados: para
fabricar armas ou para produzir alimentos, para construir palácios ou para
fornecer água potável. Dependendo de para onde forem os recursos, os frutos do
crescimento preservarão os privilégios das elites ou beneficiarão o conjunto da
população.
(José Eli da Veiga e Lia Zatz. Desenvolvimento sustentável: que bicho é esse?
Campinas, SP: Autores Associados, 2008, p. 35, 39, 54. Com adaptações).
Texto 3 -
Convenção sobre a Diversidade Biológica da ONU
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é um dos principais resultados da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD
- Rio 92), realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992. É um dos mais
importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente e
funciona como um guarda-chuva legal e político para diversas convenções e
acordos ambientais mais específicos. A CDB é o principal fórum mundial na definição
do marco legal e político para temas e questões relacionados à biodiversidade
(168 países a assinaram e 188 países já a ratificaram, tendo estes últimos se
tornado Parte da Convenção).
A CDB tem definido importantes marcos legais e políticos mundiais que orientam
a gestão da biodiversidade em todo o mundo: o Protocolo de Cartagena sobre
Biossegurança, que estabelece as regras para a movimentação transfronteiriça de
organismos geneticamente modificados (OGMs) vivos; o Tratado Internacional
sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, que
estabelece, no âmbito da FAO - órgão da ONU para Agricultura e Alimentação
- as regras para o acesso aos recursos genéticos vegetais e para a
repartição de benefícios; as Diretrizes de Bonn, que orientam o estabelecimento
das legislações nacionais para regular o acesso aos recursos genéticos e a
repartição dos benefícios resultantes da utilização desses recursos (combate à
biopirataria); as Diretrizes para o Turismo Sustentável e a Biodiversidade; os
Princípios de Addis Abeba para a Utilização Sustentável da Biodiversidade; as
Diretrizes para a Prevenção, Controle e Erradicação das Espécies Exóticas
Invasoras; e os Princípios e Diretrizes da Abordagem Ecossistêmica para a
Gestão da Biodiversidade. Igualmente no âmbito da CDB, foi iniciada a
negociação de um Regime Internacional sobre Acesso aos Recursos Genéticos e
Repartição dos Benefícios resultantes desse acesso.
A CDB estabeleceu importantes programas de trabalho temáticos nas áreas de
biodiversidade marinha e costeira, biodiversidade das águas continentais,
biodiversidade florestal, biodiversidade das terras áridas e sub-úmidas,
biodiversidade das montanhas e biodiversidade dos sistemas agrícolas
(agrobiodiversidade). Adicionalmente, a CDB criou iniciativas transversais e
programas de trabalho sobre áreas protegidas, conservação de plantas,
conservação e uso sustentável dos polinizadores, transferência de tecnologias,
medidas de incentivo econômico, proteção dos conhecimentos tradicionais dos
povos indígenas e comunidades locais associados à biodiversidade, educação e
sensibilização pública, entre outras.
Desenvolvimento
1ª e 2ª aulas
Peça que os alunos retomem os relatórios feitos nas aulas anteriores e faça uma
síntese com eles dos principais pontos debatidos, destacando os desafios postos
para a conservação dos biomas brasileiros.
Em seguida, acrescente dados relativos ao tema. Assinale que, no caso da
Amazônia, vem ocorrendo queda nos índices de desmatamento. Em 2003, o índice
atingiu a marca de 25 mil quilômetros quadrados, em 2007 caiu para 11 mil e, no
período de 2008 para 2009, houve nova queda para 4,3 mil, segundo dados
divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Comente que
os números melhoraram, mas ainda são bastante elevados e os resultados são
distintos em cada região. Os índices caíram em Rondônia, Acre, Amazonas e Pará,
mas cresceram no Mato Grosso e em Roraima.
No caso da Mata Atlântica, dados divulgados em maio de 2010, em relatório
parcial produzido pelo Inpe e a Fundação SOS Mata Atlântica, revelam que a
devastação no bioma foi de 21 mil hectares entre 2008 e 2010, 21% menor que no
período de 2005 a 2008. Alerte a turma de que os resultados ainda estão
distantes da meta de desmatamento zero. (leia a matéria Mata
Atlântica ainda sofre com desmatamento, publicada
no Planeta
Sustentável ).
Feita a introdução, converse com a garotada sobre o que sabem a respeito das
noções e princípios do desenvolvimento sustentável. O que significa esse
conceito? Que práticas e medidas prevê? Como essas ideias podem sustentar a
melhoria das condições de uso e ocupação dos biomas?
Peça que os alunos leiam os três textos apresentados no início deste plano e
discuta-os em sala. Apresente algumas ideias-chave, como a concepção de
desenvolvimento sustentável inscrita no Relatório Nosso Futuro Comum; o desafio
de conciliar desenvolvimento e preservação dos recursos naturais; e as
informações contidas na Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), da
Organização das Nações Unidas (ONU) – principal instrumento internacional para
a proteção da biodiversidade.
Chame a atenção da classe para o fato de que a convenção, cujos princípios e
referências estarão na ordem do dia em breve, se baseia em três objetivos
principais:
a) a conservação da biodiversidade (criando-se novas áreas protegidas);
b) o uso sustentável da biodiversidade
c) a proteção dos conhecimentos tradicionais a ela associados (que implica
valorizar e defender a manutenção de modos de vida, cultura e valores de
populações tradicionais que habitam os biomas).
Destaque, também, que a CDB deve operar em estreita relação com outras convenções
e declarações que emanaram de encontros como a Rio-92, as conferências Mudanças
Climáticas, de combate ao tráfico de flora e fauna silvestres, a Declaração de
Povos Indígenas etc.
Para finalizar a discussão, mostre à turma o mapa interativo criado pela Conservação
Internacional com os principais hotspots (do
inglês “pontos quentes”) de biodiversidade no planeta. Peça que os alunos
obsevem as informações contidas no mapa e explique que são áreas com elevada
presença de espécies de plantas e animais endêmicas que estão sob ameaça, sendo
prioridade para conservação.
Termine a aula pedindo que os alunos preparem um quadro-síntese com essas
ideias e conceitos estudados. Eles serão importantes para examinar situações e
desafios nas aulas seguintes.
3ª e 4ª aulas
Retome com a turma as definições de desenvolvimento sustentável e as
características da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Em seguida,
chame a atenção da turma para os debates atuais em torno da revisão do Código
Florestal (CF) brasileiro (Lei Federal nº 4771/1965), em discussão no Congresso
Nacional. Explique à classe o que é esse código e como ele está estruturado
(use como base o texto abaixo).
Texto de
apoio ao professor - Código Florestal brasileiro
O Código Florestal brasileiro foi instituído em 1934, no governo Vargas, com o
objetivo de manter florestas em áreas de novos assentamentos rurais. Em 1965,
uma nova lei o alterou para a versão que prevalece até hoje. Ainda que com uma
visão utilitarista das florestas e biomas, a alteração de 65 trouxe avanços na
proteção de solos e de mananciais, respeitando-se também o interesse comum de
toda a população nacional. A partir de então foram criados dois mecanismos de
proteção:
1 - As Áreas de Proteção Permanentes (APP), que visam à proteção dos recursos
hídricos e impedem qualquer utilização das matas ao longo de cursos de rios,
mananciais, declives íngremes, topos de morros e outras áreas – garantindo que
a cobertura vegetal original seja mantida ou recomposta.
2 - O estatuto da Reserva Legal (RL), que determina a proporção que cada imóvel
rural deve manter sem remover a vegetação. Na Amazônia, a RL é de 80% nas áreas
em que não há zoneamento ecológico-econômico (ZEE), de 50% nas áreas em que há
zoneamento e 35% nas manchas de cerrado na região. Fora da Amazônia, a
proporção de RL é de 20%.
O Código Florestal protege, no mínimo, 30 metros de matas em margens de rios,
morros ou encostas. Quem não observa a RL está sujeito a multas e embargos na
produção. Essas restrições, no entanto, estão ameaçadas por um projeto em
marcha no Congresso Nacional. Sob a alegação de que a maior parte dos
produtores rurais estariam em desconformidade com a lei, congressistas propõem flexibilizar
as medidas restritivas. Eles defendem, também, o repasse temerário de
atribuições aos estados e municípios, como fiscalizar a RL e redefinir suas
porcentagens e/ou permitir que declarem certos empreendimentos como de
utilidade pública, facilitando o desmatamento.
Críticos da revisão do código – considerada por muitos um retrocesso nas leis
ambientais do país – apontam que há estoque de terras disponíveis e suficientes
(como é o caso de antigas pastagens) para manter os atuais níveis de produtividade
sem retirar uma árvore sequer. A menor restrição à retirada de coberturas em
áreas frágeis como encostas e topos de morros pode trazer consequências graves,
como se observa nos períodos de chuvas fortes de verão. Idem com a retirada de
matas-galeria, que permitem a continuidade da produção de água nos rios,
córregos e lagos.
Divida os estudantes em pequenos
grupos e sugira que busquem novas informações sobre a revisão do CF,
organizando-as em um quadro com os seguintes itens: APP, Reserva Legal, papel
de estados e municípios, terras agrícolas x áreas de proteção. Explique que o
objetivo da atividade é mostrar como o código atual trata cada item e o que
pode mudar caso a nova revisão seja aprovada pelo Congresso. Lembre-os de
utilizar as recomendações e diretrizes da Convenção sobre a Diversidade
Biológica, estudadas na aula anterior, como parâmetro para a análise.
Proponha também que façam consultas e levantamentos sobre boas práticas e
iniciativas sustentáveis que utilizam os biomas, com a floresta em pé, ou que
não comprometem os recursos naturais de forma geral. Há vários programas e
projetos que merecem atenção. Um deles é o Fundo Amazônia Sustentável (que
inclui programa de bolsas-auxílio). Há também iniciativas ligadas ao programa
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, que propõe a geração de emprego e renda
em torno da economia sustentável, levada adiante por centenas de cooperativas
em diversos estados (veja ao final deste plano o link para produtos do Mercado
Mata Atlântica: alimentos processados, artesanato, mudas e sementes,
brinquedos, móveis, cosméticos e fitoterápicos etc). Além de produtos, os
programas da Reserva da Biosfera, reconhecidos pela Unesco, preveem a formação
de monitores ambientais para atuar em parques e reservas, como já acontece no
Parque Estadual da Serra do Mar e no Parque Municipal Nascentes de
Paranapiacaba, em Santo André (SP).
Proponha que os estudantes organizem painéis ou cartazes comparando os usos
predatórios com os usos sustentáveis em diferentes biomas brasileiros. Estimule
a pesquisa de outras iniciativas de âmbito local e regional e a coleta e
seleção de textos, imagens, mapas e outras iconografias para compor os
trabalhos.
Para finalizar a sequência, promova a discussão dos resultados e encomende uma
dissertação individual do tema sustentabilidade nos biomas brasileiros, que
inclua a apresentação de propostas e medidas práticas que colaborem para a
conservação dos ambientes.
Avaliação
Leve em conta a participação de cada estudante nos momentos individuais e coletivos.
Considere também o domínio de noções e conceitos fundamentais e a organização e
clareza dos textos escritos e orais. Reserve um tempo para que todos possam
avaliar a experiência.
Biomas brasileiros: Parte 8 - Desafios da conservação II
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Reconhecer as Unidades de Conservação no Brasil, bem como os limites e
possibilidades de sua proteção socioambiental. Identificar Unidades de Proteção
Integral e de Uso Sustentável. Conhecer normas e critérios para a criação e
manutenção de Áreas de Proteção Ambiental. Avaliar iniciativas de uso
sustentável de florestas e demais biomas no Brasil. Ler e interpretar mapas
para conhecer fatos e fenômenos geográficos em diferentes escalas. Ler e
produzir textos em diferentes gêneros.
Conteúdos
Biomas brasileiros; Biodiversidade; Preservação e Conservação; Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (SNUC); Legislação ambiental; Desenvolvimento
Sustentável; Áreas de proteção integral e áreas de uso sustentável.
Anos
6º ao 9º ano
Tempo estimado
Quatro aulas
Introdução
Esta proposta encerra uma série de oito sequencias didáticas sobre os biomas
brasileiros, sua configuração e características naturais, seu papel na
composição da biodiversidade nacional e os desafios colocados para a
preservação e conservação. A primeira sequência trouxe um panorama
geral sobre o tema. Em seguida, foram destacados
os aspectos naturais e socioambientais da Amazônia, Matas
Atlânticas, Cerrado, Caaatinga, Pantanal,
Campos, Matas de Araucárias e zonas litorâneas.
Na sétima proposta, os estudantes tiveram a oportunidade de examinar concepções
de desenvolvimento sustentável que devem ser
incorporadas às políticas públicas e aos empreendimentos econômicos. Puderam,
também, analisar tratados, convenções internacionais e a legislação ambiental
brasileira, com destaque para as virtuais mudanças no Código Florestal
nacional. A contenção das queimadas, os desmatamentos e o comprometimento da
biodiversidade e do meio físico, tanto em áreas de elevada densidade de
ocupação como nas vastas porções conservadas dos biomas, foram temas de
discussão nas aulas, mostrando que ainda é grande o desafio colocado para a
sociedade brasileira em relação à preservação ambiental.
Finalizando a série, esta sequencia didática analisa a constituição, desafios e
impasses colocados para as unidades de conservação e respectivas áreas
protegidas, examinando também a viabilidade de iniciativas socioambientais
sustentáveis e seu papel na conservação da biodiversidade e do equilíbrio de
biomas e ecossistemas.
Texto
1 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei Federal nº
9985/2000)
Até o ano 2000, o Brasil não
tinha uma lei única que regulamentasse a criação e a gestão das Unidades de
Conservação (UCs), o que trazia muita confusão e impossibilitava a gestão
integrada das áreas protegidas que efetivamente conservasse a biodiversidade
brasileira. A Lei do SNUC estabeleceu regras comuns para todas as UCs e
possibilitou a criação de um sistema nacional que articulasse todas essas áreas
protegidas em prol de objetivos e estratégias de conservação compartilhados.
Segundo a lei, a criação de qualquer UC deve ser precedida de estudos científicos
que identifiquem quais recursos naturais devem ser protegidos e de consulta à
população que vive no local – com exceção das Estações Ecológicas e Reservas
Biológicas. Além disso, toda UC deve dispor de um plano de manejo.
Como forma de democratizar a gestão das UCs, a lei prevê a existência dos
conselhos de gestão, colegiados compostos por representantes de diversos órgãos
públicos e de diferentes setores da sociedade civil. Eles devem se reunir
periodicamente para discutir assuntos relevantes para a boa administração da
área. É possível também estabelecer a gestão compartilhada entre o poder
público e uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), o
que permite à sociedade organizada atuar diretamente na proteção dessas áreas,
seja realizando pesquisas, apoiando a fiscalização ou dotando a UC de
infraestrutura.
As UCs contribuem para a preservação de espécies endêmicas, ajudam a regular o
clima, abastecer os mananciais de água e melhorar a qualidade de vida das
pessoas, além de, muitas vezes, abrigarem populações tradicionais cujo sustento
depende de seus recursos naturais. O SNUC tem também como objetivos proteger
espécies ameaçadas de extinção, proteger e recuperar recursos hídricos,
recuperar ecossistemas degradados e proporcionar meios para realizar pesquisas
científicas. As Terras Indígenas, além das UCs, também são consideradas áreas
protegidas, pois guardam porções importantíssimas e representativas da
diversidade socioambiental nacional.
(Instituto Socioambiental. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA,
2004, p. 214, 395).
Texto
2 Unidades de Proteção Integral e de Uso Sustentável
"O objetivo básico das
Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o
uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta
Lei." (SNUC)
As unidades de proteção integral se destacam pela preservação da natureza, com
o mínimo de interferência humana nos ecossistemas. As Estações Ecológicas e
Reservas Biológicas permitem a realização de pesquisas científicas e de ações
de Educação Ambiental. Nos Parques Nacionais, Monumentos Naturais e Refúgios de
Vida Silvestre, além dessas atividades, a visitação pública é permitida, sendo
locais ideais para a prática de turismo e lazer, em harmonia com a natureza.
"O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos
naturais." (SNUC) Unidades de Uso Sustentável, a proposta é compatibilizar
a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos. Fazem parte desse
grupo as Áreas de Proteção Ambiental; Áreas de Relevante Interesse Ecológico;
Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais; Reservas de Fauna, Reservas de
Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Extrativistas, estas últimas, um
modelo de unidade de conservação que surgiu no Brasil com base na vivência
harmônica dos chamados povos da floresta e a Amazônia, e que hoje já dá às
populações tradicionais de todo o país a garantia da manutenção de suas práticas
extrativistas em áreas protegidas.
(Instituto Chico Mendes para a
Conservação da Biodiversidade-ICMbio)
Desenvolvimento
1ª e 2ª aulas
Converse com a turma sobre o que sabem a respeito das Unidades de Conservação
existentes no país. Em seguida, apresente aos estudantes as categorias dessas
unidades, segundo a lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC,
e quais restrições ou potencialidades de uso elas oferecem (utilize como base o
texto 1). Destaque as diferenças entre áreas de proteção integral e aquelas de
uso sustentável. Como exemplo, eles podem discutir os usos de unidades
existentes na localidade ou região em que vivem.
Proponha que observem o mapa abaixo. Ele mostra as extensões de áreas
protegidas no país, incluindo as terras indígenas. Peça que identifiquem os
biomas com maiores extensões de Unidades de Conservação e aqueles que ainda
precisam avançar em relação às áreas protegidas.
Mapa – Zonas protegidas e antropizadas no Brasil, 2008
Fonte: DURAND, Marie-Françoise
et al. Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São
Paulo: Saraiva, 2009, p. 128
Após a leitura do mapa, sugira
que reflitam sobre os principais riscos e ameaças à proteção dos ambientes e às
formas de vida nas UCs. Se necessário, proponha que pesquisem em jornais, sites
e revistas sobre episódios de desmate ilegal, caça predatória ou grilagem de
terras nessas áreas (veja
indicações ao final deste plano de aula. Leia a reportagem Madeira
abaixo,
no portal Planeta Sustentável , que denuncia agressões na floresta
amazônica). Peça que todos organizem os
dados e discussões em um relatório.
3ª e 4ª aulas
Proponha que os estudantes, em pequenos grupos, façam levantamentos sobre as
UCs existentes na localidade ou região em que vivem. Eles devem identificar quais
os objetivos e quem são os responsáveis pela gestão da área. Do mesmo modo,
peça que assinalem os riscos que ameaçam o cumprimento das funções das UCs em
questão.
Dê alguns exemplos: há no Brasil diversos casos de invasão de UCs e terras
indígenas para retirada ilegal de madeira, caça e pesca predatória e grilagem
de terras. No Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo, por exemplo, é
comum a extração clandestina de palmito. Além desses pontos, informe à garotada
que, muitas vezes, há sobreposição entre os limites de UCs, terras indígenas e
propriedades privadas, o que gera evidentes dificuldades de fiscalização e
gestão.
Há também muitos parques e reservas “de papel”, com quadros técnicos e de
fiscalização insuficientes para conter ações predatórias ilegais. Discuta com a
turma esse ponto: muitos pesquisadores, ambientalistas e técnicos de órgãos
públicos defendem que a promoção de usos sustentáveis, com a floresta em pé,
tem potencial para conter esses processos – em regra, transformar a área em
santuário intocável pode deixá-la mais vulnerável à ação dos que operam à
sombra da lei. O que a turma pensa a respeito?
Em áreas urbanas também há dificuldades para conter a devastação, dada a força
de determinados empreendimentos econômicos. Por outro lado, nessas regiões, há
restrições previstas nas leis, como o Plano Diretor e as leis de zoneamento.
Converse com a classe sobre casos exemplares de iniciativas sustentáveis e
viáveis. Um exemplo conhecido é o dos seringueiros e castanheiros nas reservas extrativistas
da Amazônia. Há também inúmeros exemplos de manejo florestal correto,
certificação de madeira legalmente extraída e implementação de atividades de
Educação Ambiental e ecoturismo em UCs, uma economia da sustentabilidade.
Peça que os alunos coletem dados sobre essas iniciativas. Podem novamente
recorrer ao que ocorre nas áreas protegidas da região em que vivem. Para
ajudá-los, dê alguns exemplos, como as iniciativas de recuperação de florestas
no entorno de reservatórios de hidrelétricas em São Paulo, o manejo florestal
em Santa Catarina e o plantio de mudas de espécies nativas de matas tropicais
em diferentes pontos do país.
Para finalizar a sequência, proponha que os estudantes elaborem painéis com
textos, mapas e figuras sobre as UCs e os desafios da preservação dos biomas e
ecossistemas brasileiros. O resultado do trabalho será uma exposição na escola,
aberta a membros da comunidade.
Avaliação
Considere a participação de cada aluno nos momentos individuais e coletivos.
Considere o domínio progressivo das noções, conceitos e processos envolvendo os
biomas brasileiros e ecossistemas associados, tanto em sua configuração natural
como nos usos e práticas sociais correspondentes. Retome os estudos feitos ao
longo das sequências didáticas sobre os biomas brasileiros e reserve tempos e
espaços para que os alunos possam avaliar a experiência e o que puderam
aprender nesse
percurso.
Leitura e interpretação de mapas
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivos
Compreender a cartografia como linguagem visual, universal e baseada em
símbolos, códigos e convenções próprios. Ler, analisar e interpretar em diferentes
escalas em um mapa. Elaborar um texto síntese sobre o papel da linguagem
cartográfica como meio de expressar a espacialidade dos fenômenos e sua
importância para a comunicação de informações .
Conteúdos
Linguagem cartográfica, leitura e interpretação de mapas
Ano
7º ano
Tempo estimado
Três aulas
Material necessário
Jornais, revistas, livros didáticos, atlas geográfico e acesso à Biblioteca e
ao Laboratório de Informática da escola.
Desenvolvimento
1ª etapa
Proponha que os estudantes façam uma análise das representações cartográficas
apresentadas em jornais, revistas, portais da internet, livros escolares e
outros veículos de comunicação. Para isso, divida a turma em pequenos grupos,
entregue a eles algumas revistas e jornais e peça que pesquisem, coletem,
selecionem e organizem os mapas encontrados, anotando tema, título, fonte, nome
e data de publicação. Em seguida, promova uma conversa com a turma sobre o que
sabem a respeito dos elementos centrais que devem estar presentes nos mapas e
peça que analisem a adequação dos elementos da linguagem cartográfica
apresentados em cada mapa selecionado.
2ª etapa
Com base nos resultados, amplie as informações destacando que a cartografia é
uma linguagem com símbolos, códigos e convenções. Por ser uma linguagem visual
e universal, é desejável que um mapa possa ser lido e interpretado por qualquer
pessoa, independente de onde esteja.
Pergunte à turma quais são os elementos centrais que não podem faltar em um
mapa. Eles devem pontuar: título, legenda, escala cartográfica, o Norte,
toponímia, projeção, coordenadas geográficas e símbolos e referências gráficas.
Explique que é indispensável que o mapa contenha as fontes anotadas de forma
completa, incluindo as pesquisas das bases de dados. Ressalte também que as
representações podem ser dispostas em pontos, linhas e áreas e organizadas para
mostrar relações entre fenômenos como diversidade, ordem e proporcionalidade.
Para possibilitar a leitura, o mapa deve conter a identificação clara do
significado dos símbolos e cores adotados na representação. É importante também
que não estejam muito carregados, com excesso de informações que comprometam a
apreensão visual. O mais indicado, nesses casos, é que o tema seja apresentado
em uma coleção de mapas.
3ª etapa
Se necessário, faça um rápido exercício de verificação dos elementos
estruturais de um mapa em atlas geográficos e livros escolares. Em seguida,
proponha que cada grupo examine com atenção um dos mapas recolhidos na primeira
aula. Peça que identifiquem e discutam situações em que os mapas devem ser
completados – ou até mesmo corrigidos – e elaborem um quadro com essas
observações, justificando-as a partir de premissas da linguagem cartográfica.
Com base nos resultados, solicite que cada grupo apresente aos demais as
correções que faria em cada mapa.
4ª etapa
Promova uma roda de conversa para debater e estabelecer conclusões sobre o
trabalho realizado. Peça que anotem as principais conclusões e proponha a
elaboração de uma dissertação individual sobre o tema. Nela, cada estudante
deverá discutir o papel da linguagem cartográfica como meio de expressar a
espacialidade dos fenômenos e sua importância para a comunicação de informações
e compreensão de temas por diferentes públicos. Para enriquecer os trabalhos, é
recomendável a inserção de plantas, cartas e mapas e outras representações
gráficas.
Avaliação
Considere a participação de cada estudante nas tarefas individuais e coletivas.
Da mesma forma, verifique a correção conceitual, a clareza e organização dos textos,
assim como da exposição dos resultados dos trabalhos. Na dissertação, leve em
conta o modo como apresentaram e discutiram os processos e visões acerca do
tema, bem como a correta apresentação e utilização das bases de dados, noções e
conceitos cartográficos analisados. Reserve um tempo para que as turmas avaliem
o trabalho realizado.
Relações entre natureza e sociedade
Bloco de Conteúdo
Paisagem
Objetivo
- Ler, interpretar e produzir textos escritos e orais para compreender e
explicar a espacialidade dos fenômenos em diferentes escalas.
Conteúdos
- Leitura e produção de textos informativos.
- Dinâmicas da sociedade e da natureza e suas inter-relações.
Anos
7º e 8º.
Tempo estimado
Quatro aulas.
Material necessário
Jornais, revistas e computadores com acesso à internet, cartolina ou papel
kraft, cola, régua, tesoura e papel sulfite.
Desenvolvimento
1ª etapa
Pergunte aos alunos como se dá a relação entre sociedade e natureza. As ações
do homem geram impactos no meio ambiente? De que tipo? Anote as respostas no
quadro. Observe se eles mencionam enchentes, desmatamentos e desmoronamentos,
entre outros. Divida a turma em grupos e distribua jornais e revistas para
todos. Proponha que leiam e selecionem reportagens, artigos e editoriais sobre
problemas que envolvem as relações humanas com a natureza. O caso das cheias
dos rios Pinheiros e Tietê, em São Paulo, é exemplar e pode ser explorado em
diversos aspectos: as mudanças no curso e no regime de águas, a poluição
industrial e residencial, o acúmulo de lixo, a construção de grandes avenidas
em regiões de várzea (naturalmente alagadiças) e o assoreamento e impermeabilização
do solo devido à urbanização da cidade. Após ler diversos textos, identificando
onde, quando, como se dá o problema e quais são as pessoas e instituições
envolvidas, cada grupo escolhe um campo de pesquisa.
2ª etapa
Com base nos textos escolhidos, os grupos devem identificar e
analisar os elementos naturais e sociais envolvidos, as intervenções humanas e
seus efeitos para o equilíbrio do local. Leve a garotada até a biblioteca e o
laboratório de informática para pesquisar mais sobre os temas escolhidos.
Oriente a consulta a livros e atlas e a portais confiáveis e atualizados.
Questione se os problemas listados ocorrem em outros lugares, regiões e países
e se é possível analisar a extensão dos fenômenos em diferentes escalas. Nesse
caso, peça comparações.
3ª etapa
As reportagens e os dados servirão para a elaboração de cartazes informativos.
Cada grupo deve coletar também imagens diversas (fotos, ilustrações, mapas e
esquemas gráficos). Assim, textos e imagens, dispostos sobre cartolina ou papel
kraft, podem receber título, legendas e explicações. Destaque a importância de
indicar as fontes. Os cartazes serão usados em apresentações para a classe.
4ª etapa
Para as exposições, é importante que cada grupo elabore um
roteiro com introdução ao tema, motivações do grupo para a investigação, textos
explicativos para cada aspecto do problema, a distribuição das falas dos
integrantes e a ordem da apresentação. Ao longo das apresentações, peça
explicações sobre a escolha das imagens e faça perguntas que levem à reflexão.
Ao fim, reserve um tempo para o debate coletivo, destacando os principais
resultados e conclusões. Sugira que os grupos encarreguem um colega de anotar
os nomes e a ordem de quem vai falar. Cada um deve registrar as considerações
para, depois, escrever um texto individual sobre as relações natureza-sociedade
em diferentes escalas.
Avaliação
Considere a participação de cada estudante nas tarefas individuais e coletivas.
Examine a clareza e a organização dos textos escritos e orais e o modo de
exposição dos resultados nas apresentações. No texto individual, leve em conta
a maneira como apresentam e discutem, bem como a correta apresentação e
utilização das bases de dados, noções e conceitos.
Qualidade de vida nas cidades: como aferir?
Bloco de Conteúdo
Geografia
Introdução
"Rio, 40 graus
/ Cidade maravilha / Purgatório da beleza e do caos." Assim inicia a
canção elaborada por Fernanda Abreu, cantora e compositora carioca. Mais
adiante, a letra traz a seguinte passagem: "Capital do sangue quente / Do
melhor e do pior / Do Brasil." O título da canção Rio, 40
graus é o mesmo do filme de Nelson Pereira dos Santos, que inovou na
linguagem e na temática na época em que foi produzida, no ano 1955. A obra de
Nelson, que influenciaria uma geração de cineastas do Cinema Novo, entre eles
Glauber Rocha, conta a história de cinco garotos vendedores de amendoim em seu
percurso pela cidade, apresentando situações no "morro" e no
"asfalto".
Por que a compositora afirma que o Rio de Janeiro traz o melhor e o pior do
Brasil? Há muitas respostas, mas certamente podemos considerar entre elas que a
Cidade Maravilhosa ficou conhecida, de um lado, por sua singular beleza: um
ambiente de maciços cristalinos entremeados por inúmeras praias à entrada de
uma baía, onde se ergueu a segunda metrópole brasileira; nos morros, barracos,
casebres e casas de alvenaria terminadas nos finais de semana; no asfalto,
edifícios cercando o mar. Mas assim como outras cidades brasileiras, o Rio de
Janeiro vive um cotidiano em que se combinam, entre outros problemas, a falta
de saneamento básico e moradias dignas para todos, precariedade dos transportes
coletivos, congestionamentos, segregação espacial e um permanente clima de
insegurança e violência em zonas da cidade atingindo especialmente os mais
pobres.
Esse quadro indica um tema interessante e bastante relevante para um projeto
coletivo de trabalho na escola: como medir e avaliar a qualidade ou condições
de vida nas cidades brasileiras? Sob quais critérios? Existe um único
entendimento do que seja qualidade de vida, extensivo a todos? O que se espera
que uma cidade deva oferecer aos seus habitantes?
A relevância do tema vincula-se também ao ritmo e estrutura da urbanização
brasileira referida aqui ao aumento da população urbana e a expansão ou
crescimento de cidades (o que não esgota as concepções de urbanização; esta
pode ser entendida também como a expansão do modo de vida urbano para além dos
limites da cidade). Segundo dados da PNAD 2007 (ano-base 2006), o país conta
hoje com 83% de sua população vivendo em cidades, algo em torno de 140 milhões
de habitantes.
O Censo demográfico de 1940, realizado pelo IBGE, o primeiro a fazer a
distinção entre população rural e urbana, registrou que apenas 1/3 da população
nacional vivia em cidades no período. Portanto, a maior parte dos brasileiros
passou a experimentar diariamente a "dor" e a "delícia" de
viver na cidade.
Entre outras perspectivas, a idéia de urbanidade oferece uma ferramenta para
refletir sobre a vida nos núcleos urbanos. Antes de tudo, é preciso fazer
algumas considerações sobre a cidade. Conforme o geógrafo francês Jacques Lévy,
ela é um objeto essencialmente geográfico marcado pela conjunção de diversidade
e densidade e concentração de pessoas e atividades. Ela foi criada em
praticamente todas as sociedades humanas para superar ou eliminar as distâncias
espaciais e permitir as interações sociais. Elas se constituíram, assim, no
berço principal da filosofia, da política, das ciências e das artes. Trata-se
de um ambiente de evidente artificialidade, uma obra humana por excelência.
Assim, a urbanidade refere-se ao que a cidade deve ser e deve ter. Portanto,
deve ser avaliada em relação ao que ela pode oferecer, tal como ela é, e não em
relação ao que não é próprio dela. Uma cidade com bom potencial de urbanidade
reúne um grande número de pessoas com diversidade de tipos, o que propicia
relações sociais múltiplas e diversificadas (contrariando concepções do
planejamento urbano moderno, que buscavam, ao contrário, a homogeneidade
social). Além disso, a idéia de urbanidade assinala que uma cidade deve, antes
de tudo, assegurar a todos os seus moradores o acesso aos recursos disponíveis.
Isso começa pela existência de um bom sistema de mobilidade e existência de
espaços públicos. Como ressalta o recente estudo do Fundo de População da ONU,
"O estado da população urbana mundial em 2007", trata-se de
resguardar o direito à cidade que todos têm, inclusive os recém-chegados.
Essa proposta de projeto didático tem o objetivo de oferecer aos estudantes
instrumentos e critérios para que possam avaliar as condições ou qualidade de
vida nas cidades e propor soluções e alternativas. Nesse sentido, a cidade em
que vivem será o laboratório principal para desenvolver um projeto dessa
natureza.
a) Utilizar recursos da leitura, escrita, observação e registro em diferentes
linguagens em procedimentos de pesquisa.
b) Construir e organizar critérios de avaliação da qualidade ou condições de
vida em cidades utilizando quadros-síntese, textos ou esquemas gráficos.
c) Compreender e avaliar processos de organização do espaço da cidade por meio
de pesquisas, entrevistas e leitura e produção de textos e imagens.
Conteúdos
- Cidade
- Urbanização
- Urbanidade
- Qualidade de vida
Ano
8º e 9º
Tempo estimado
Variável
Material necessário
Textos e esquema em anexo
Desenvolvimento das atividades
1ª etapa
Para organizar um projeto de
trabalho na escola, o ponto de partida é a escolha do tema. O tema pode
proceder de um fato da atualidade, de uma experiência comum, de um episódio
ocorrido na escola, pode pertencer ao currículo oficial ou surgir a partir de
uma proposição inicial do professor. Em geral, para proceder a essa escolha, os
alunos partem do que já sabem, de suas experiências anteriores, de outros
projetos já realizados na escola. Alunos e professor deverão se interrogar a
respeito de sua relevância, interesse e se efetivamente atende às necessidades
de aprendizagem da turma.
Dessa forma, é decisiva para a realização do projeto a participação dos
estudantes na definição do tema, focos, metodologias e planejamento das etapas
(ver quadro-síntese em anexo), mesmo que a idéia inicial tenha surgido de
outras fontes.Proponha que os estudantes reflitam em torno da questão da
cidade, de sua qualidade de vida e da extensão dos eventuais benefícios da vida
urbana a todos os habitantes. Para uma sensibilização inicial, você pode propor
que os estudantes coletem, selecionem e organizem letras de canções sobre a
cidade criadas por artistas brasileiros. A turma pode promover uma audição das
canções selecionadas e debater perspectivas e focos para o projeto a partir delas
(ver sugestões em anexo). Esse trabalho pode ser feito também com notícias,
frases sobre cidades e vida urbana ou textos de apoio. É essencial finalizar
essa etapa com uma questão ou conjunto de questões e hipóteses que deverão
nortear o projeto e serem respondidas por ele, além de permitir a elaboração de
objetivos gerais e específicos.
2ª etapa
Definido o tema geral, é preciso
definir o que os estudantes já sabem e o que precisam saber para a consecução
do projeto. Trata-se de uma avaliação diagnóstica inicial no âmbito do projeto,
que dará a partida para criar seqüências e ordenar os conteúdos, definindo
quais as principais fontes de informação a serem buscadas. Nesse momento,
pode-se definir a abrangência do projeto e quais sub-temas, processos e conceitos
ele vai envolver no seu percurso de realização, cabendo aqui ao professor um
importante papel na definição dos principais conteúdos e procedimentos.
O que pode ser verificado para avaliar a qualidade de vida da cidade? Considere
em primeiro lugar que as cidades são espaços construídos sobre uma base natural
em que podem aparecer morros, fundos de vale, cursos dágua, solos e coberturas
vegetais. Uma cidade em que os solos estão impermeabilizados, por exemplo, está
sujeita a enchentes, face à dificuldade de infiltração e ao aumento do
escoamento superficial da água.
Um segundo quesito diz respeito ao ambiente construído, envolvendo as
edificações e seus usos, as atividades econômicas e as infra-estruturas (redes
técnicas de água, energia, saneamento) e serviços urbanos (coleta de lixo,
transportes, varrição e limpeza de ruas etc.). Especial atenção deve ser dada
ao sistema viário, aferindo as condições e funcionamento do transporte
coletivo, organização da malha viária, o peso da circulação de automóveis
individuais, existência ou não de alternativas de deslocamento (ciclovias,
passeios e caminhos para marcha pedestre etc.).
Outro dado imprescindível é a existência de espaços públicos de acesso
irrestrito, que pode ser utilizado pelos moradores. Neles, é importante
verificar a disponibilidade de equipamentos (como brinquedos para crianças) e
serviços. As cidades podem ser avaliadas em sua condição estética (por exemplo,
se há poluição visual, preservação de fachadas e outros) e se os ambientes são aprazíveis,
convidando ao convívio social. Do mesmo modo, pode-se verificar se há
diversidade ou homogeneidade social. É importante atentar aqui para o
zoneamento da cidade, que normalmente restringe alguns usos e pode provocar
verdadeiros "desertos" urbanos (zonas comerciais com muito movimento
durante o dia e desertas à noite, ou bolsões residenciais com pouco movimento
durante o dia).
Apresente esse conjunto de pontos aos estudantes e proponha que eles discutam e
ampliem com outras sugestões. Eles poderão também criar indicadores, definindo
uma escala de valoração das condições em que se encontram as edificações,
infra-estruturas e equipamentos urbanos.
3ª etapa
Uma vez organizados os campos
para pesquisa e investigação, é importante definir responsabilidades
individuais e coletivas para a coleta, seleção e tratamento das informações. É
fundamental definir também de antemão o que deverá ser obtido por meio de
pesquisas em livros, revistas especializadas, bancos de dados e documentos
oficiais (tais como plantas e planos diretores do município) o que vai ser
obtido em trabalhos de campo, com entrevistas, sondagens e visitas a órgãos
públicos e outra instituições. Deve-se garantir tempos e espaços na sala de
aula, biblioteca e laboratório de informática da escola para a organização e
tratamento das informações. Vale a pena também detalhar quais serão as formas
de registro utilizadas, como anotações (que podem ser feitas em planilhas ou
quadros), gravação de voz ou filmagens. A organização desta etapa deve ser feita
previamente, de modo a garantir os recursos técnicos e humanos necessários.
4ª e 5ª etapas
Estas são as últimas etapas,
momento de planejar os produtos finais, a apresentação dos resultados e a
avaliação geral do projeto, enfocando um balanço, propostas e alternativas para
a melhoria da qualidade de vida e dos níveis de urbanidade na cidade.
Os produtos finais poderão ser preparados preliminarmente nas etapas
anteriores. Por exemplo, recolhendo material áudio-visual para a elaboração de
vídeos ou transparências, ou organizando informações em quadros, mapas,
gráficos e tabelas que irão compor um documento escrito. Havendo possibilidade,
os documentos áudio-visuais podem ser produzidos em programas especiais no
laboratório de informática. Um relatório ou texto dissertativo do projeto deve
contar com uma estrutura que contenha título, introdução, justificativa,
objetivos, metodologias, resultados e conclusões e referências bibliográficas.
Combine com os estudantes a forma de apresentação dos resultados, que podem
envolver etapas com a própria turma e depois para grupos de turmas ou para toda
a escola. Documentos, equipamentos, materiais, tempos e espaços para
apresentações públicas devem ser organizados ou preparados previamente.
Avaliação
A avaliação final e auto-avaliação devem levar em conta os objetivos
estabelecidos para o projeto e os processos e produtos com os quais os alunos
estiveram envolvidos. Para tanto, podem ser organizadas sessões coletivas com
toda a turma, retomando as etapas, os resultados e a participação e
envolvimento dos estudantes. É importante que eles possam expressar livremente
suas opiniões sobre o percurso percorrido.
Para a avaliação de cada estudante, leve em conta as aprendizagens ocorridas ao
longo do processo e toda a produção individual e coletiva no âmbito do projeto.
Contam aqui os processos e os produtos e resultados. Se necessário, prepare
avaliações individuais após o balanço final do trabalho desenvolvido.
Ensine
cartografia para a turma usando o Google Earth
Objetivos
- Desenvolver a noção espacial e a representação cartográfica.
- Comparar diferentes tipos de representação da superfície terrestre: mapas,
fotos de satélite e imagens aéreas e tridimensionais.
Conteúdos
- Cartografia.
- Localização espacial.
Anos
6º ao 9º.
Tempo estimado
Oito aulas.
Material necessário
Papel, régua, lápis, computador com acesso à internet e o programa Google Earth
Desenvolvimento
1ª etapa Oriente
os alunos a observar o trajeto desde a casa até a escola, identificando pontos
para a localização. Peça que transformem a observação num croqui, cuidando para
representar as referências.
2ª etapa Diante
do computador, divida a turma em grupos e solicite que explorem este site.
Explique que o desafio é encontrar, entre os mapas disponíveis, um que mostre a
localização da escola. Oriente-os a comparar os croquis com os mapas: os pontos
de referência são os mesmos? Como são identificados? Explique que os desenhos
disponíveis são representações bidimensionais de espaços tridimensionais, com
símbolos, legendas e escala específicos.
3ª etapa Hora
de visualizar a localização em imagem real. Abra o programa Google Earth e
convide a turma a buscar uma imagem da escola. Siga o seguinte procedimento:
clique no botão "Mostrar a barra lateral" e em "Voar para".
Digite "Brasil", espere a imagem "voar" até o país.
Introduza o nome da cidade e oriente os estudantes a aproximar a imagem até o
objetivo. Pergunte aos alunos o que estão vendo. É a mesma visão que temos ao
caminhar pelas ruas? Leve-os a perceber que imagens aéreas e de satélite são a
real visualização da superfície no plano vertical.
4ª etapa Peça
que comparem a imagem do Google Earth com o croqui que haviam elaborado e
observem o que querem acrescentar ou modificar.
Avaliação
Verifique se os alunos compreendem as diferentes formas de representação da
superfície terrestre e se sabem se localizar em um mapa virtual. Para reforçar
o entendimento, repita a sequência de atividades com outros pontos
significativos, possibilitando que explorem os recursos de aproximação e
distanciamento da visão no Google Earth para desenvolver a noção de
pertencimento espacial desde o nível do bairro até o planeta.